27 maio 2008



Abril acabou e Maio está, finalmente, a terminar.
Tudo, agora, está associado a tudo, antes.
Em 2007, foram tempos de esperança e de ilusão; quase de regresso ao possível, de delírio por novas oportunidades que se abririam depois da desejada operação ao fígado.
O David era um rapazinho de Abril e a personificação de todos os ideais do 25 de Abril - solidário, justo, humano, corajoso, defensor de causas.
E com uma enorme capacidade de sonhar... e de se entregar.
O que foi benéfico para ele, durante a doença - dizem-me!
E eu só posso acreditar porque é a única maneira de prosseguir na minha rota, indefinida e penosa.
Transporto comigo sonhos antigos que ficarão por concretizar.

A flor dele era o cravo vermelho, que, às vezes, ponho em frente à rocha de Moledo.
Em casa, haverá sempre um cravo vermelho, por perto.
O cravo vermelho é a minha saudade.
Chama-se David.


Num deserto sem água
Numa noite sem lua

Num país sem nome

Ou numa terra nua


Por maior que seja o desespero

Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.



Sophia de Mello Breyner Andresen

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