16 julho 2008

Tanta força e tão pouca



Não sei donde me veio tanta força que, agora, teima em me abandonar.

Só podemos querer o bem de quem amamos...
E só isso importou!
Não houve despedidas...
Apesar deste sufoco, da respiração suspensa da saudade, da sensação de nova queda a pique no abismo e de vertigem...em que me perco, tão cansada.
Procuro essa lonjura para onde aceno e donde não recebo senão o eco frio do silêncio.
E regresso, de mãos e olhos vazios.
Este é um percurso solitário.
Não há como evitar...




Ando com o pensamento rouco
De tanto me gritar cá para dentro:
Pára com isso!

Não sou mais do que um cigarro
Meio apagado num cinzeiro
Esperando que me apaguem...
Um favor de um último bombeiro!

David Sobral

7 comentários:

Anónimo disse...

Se não for no Silêncio Interior que se encontre o Sentido da Dor não se encontra em mais lado nenhum...António

Anónimo disse...

Isabel,

Hoje quero agradecer, em particular a Sua irmã Nini que no jantar de homenagem e despedida que A brindou, a todos os que lá estavam não deixou de ter uma palavra amiga e reconfortante, estimulante também!

A minha mulher Manuela Baptista e a mim próprio não se inibiu de referir e agradecer, comovida nos seus olhos!

Retribuimos-Lhe os elogios e por cá estamos, Convosco, para o que necessário fôr!

A força teima, tentadora a abandoná-La, mas a Minha Amiga Isabel não se deixa dela esvair e o sufoco da saudade suspensa, à vertigem A retrai de cair em queda livre e a pique ...

Procure a lonjura e o afastamento e oiça o que o eco do silêncio imperceptivelmente Lhe sussura.

Todos os percursos são solitários porque únicos e deles se preenchem mãos e olhos até que esperando se apaguem da luz e a levem e que neles os sustenta.

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Julho de 2008

Anónimo disse...

Isabel, pode parecer-lhe que esta não uma mensagem de ânimo.
Às vezes, para nos situarmos e para encontrarmos as nossas referências, é preciso que alguém nos possa dizer que o tempo nem sempre cura essa ferida de ter perdido um filho.
E que passarão muitos anos até começar a esbater-se a dor.
Não sei se será por nos irmos, de alguma forma, aproximando do que nos foi amputado.
Percebe, com certeza, porque digo "nos".
Há dez anos que me debato com a mesma saudade e os mesmos altos e baixos.
Faz-me bem vir ao seu blog.
Obrigada.
Antonieta

Branca disse...

Isabel,

Essa força vai retornar, porque foi uma força feita de amor e é esse amor que lhe trará todo o alento, apesar da solidão...
A linguagem do silêncio é às vezes prenchida de tudo o que nos leva ao toque das almas. A propósito deixo-lhe dois versos de um poema que traduzem mais ou menos isso:

"...este mistério de em silêncio
sentir o meu ser tocar o teu ser."

e esse encontro pode ser transformado numa alegria imensa por nos tocarmos pelos sentidos e pelo mais íntimo da nossa alma, sem precisarmos da presença física de alguém.

Beijinhos grandes, imensos como o mar...da amiga,

Branca

Anónimo disse...

Mesmo que sofra muito e não consiga exprimir tudo o sente, continue. Ou ponha poemas que falem por si.
Tem grande sensibilidade para os escolher e reflectem o que lhe vai na alma.
Não consigo imaginar-me em tal situação.
Provavelmente desistia...egoisticamente.
É uma mulher de grande coragem.
Não admira que o seu filho a admirasse e lhe chamasse mãe coragem.
Bem haja.

Anónimo disse...

Isabel

permita-me que a trate assim

Tenho passado pela sua casa silencioso,nâo ficando insensivel á sua dor, sinto tambem que esse amor irá a seu tempo ser a cura dessa ferida que teima em sarar..

jorge henriques

Anónimo disse...

LUZ IRREAL

Qual retrato feminino
Em momento perfilado
E que frontal
Sentado
Nos bastidores aguarda
E que nodal
Em sombras de xadrez
Jogo irreal
Como quadro de Picasso
Sem aval
Nos bastidores do que não vê
Sem ser o tal
Ou outro dos periodos
Do pintor
Tamanha a cruz
Que esconda sua dor
De sombra e luz
E seja flor

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Julho de 2008