Por isso, a noite é de não dormir.
O corpo quer descanso mas a cabeça não sossega. Continua desperta a ver desfilar imagens.
O dia 13 em Madrid é o tempo e o espaço onde regresso mais vezes.
É impressionante como nos movimentamos no tempo e, de repente, percorro outras ruas, sob outros sóis.
Uma imagem tenho gravada na mente. Foi quando, terminada a consulta na Clínica MdAnderson, eu e o David, depois te termos deixado o Manel, no hotel, continuámos de táxi, até ao centro.
Chegámos e o táxi partiu...
E então, num ápice de tempo que não percebi, ouvi o David queixar-se que tinha deixado o telemóvel no táxi e vi-o a perseguir o táxi, a mandá-lo parar... a correr com uma velocidade espantosa, atrás do carro, e atrás um autocarro.
É assim que o vi todo o dia. Cheio de energia, a perseguir um táxi, e entre ele e o táxi, um autocarro.
O telemóvel foi recuperado...
É essa vitalidade que recordo e o ar sorridente com que o vi regressar, com o telemóvel no ar.
A seguir, ainda fomos a lojas de guitarras, tentar encontrar uma igual à do cantor brasileiro Lenine.
Porque a música esteve sempre lá. Em cada oportunidade que surgia.
E eu sempre, também lá, em cada desejo formulado ... sei que nenhum instante se eterniza.
A estas realidades não se ajustam alternativas parcelares, Sim/Não, Ser/Não Ser, Bem/Mal. Tem que ser Sim, Ser, Bem - sem hesitar. Não se apanha o tempo que passa..., é irreversível.
Hoje, enchi-me de coragem e falei nisso ao jantar...
Era um espanto esse meu rapazinho de olhos verdes; uma força da natureza.
Esta noite, as notícias, quanto ao futuro, que de lá trouxemos não interessam.
Só um David, determinado e vencedor, a correr, pelas ruas de Madrid.
Sob um sol abrasador.
O preço da vida
(Letra de uma canção, traduzida do Inglês)
A vida é como uma música
Podes fazer tudo com ela
És o músico
Da tua própria vida.
Quanto melhor músico fores
Melhor será a tua vida
Podes julgar-me bem ou mal
Se achas que sabes a verdade.
Nada sei quanto aos outros
Mas acho que eu toquei bem
A minha fobia não me abala
Todos nós temos um preço a pagar
É o que indica a tua música.
Não interessa se a tua música é a melhor
Ou a pior
Vais ter a avaliação no fim.
Todos devem pagar
Um preço na vida
Uns, pelos lugares procurados
Outros, pelo castigo
Por desperdiçarem a vida
Tão valiosa, tão valiosa.
Depois de cá estares
Tens que pagar
Quer o lamentes
Ou o sigas
David Sobral
5 comentários:
DIÁLOGO COM O DAVID
Quer o lamentes ou sigas
Tens um preço a pagar
Escrevas por cá o que digas
Já não resolve chorar
-.-
DIÁLOGO COM O TEMPO
O tempo é que se movimenta por todas as ruas e sóis que em nós habitam e sem nos darmos conta julgamos correr atrás dele na ilusão de o parar, de o perseguir vertiginoso, a uma velocidade espantosa que só eterniza cada instante se na sua dicotomia assimétrica enfatizarmos o positivo como o oiro que cabe e julgamos que deixamos, porventura, fugir da nossa exígua mão.
-.-
DIÁLOGO COM A MÚSICA
A música é a vida que tu cantas em ti própria/
É mania de cantar/
É a vontade de amar/
-.-
Quando finjo que sorrio, eu já estou a sorrir.
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Julho de 2008
Isabel,
Já tinha lido hoje este texto. Ia jurar que o tinha comentado, mas ae calhar não, andei numa roda viva, muito pela rua e devo-me ter ficado pela leitura, mas não queria deixar de lhe dizer que foi mais uma recordação que gostei de ler e que fez bem partilhar connosco. Sentiu-se o espírito vivo, actuante e alegre do David nesse episódio que parece tirado de um filme em movimento em que ele corre atràs do seu telemóvel e volta feliz por ter conseguido.
Deixo-lhe um beijinho e fico feliz por estar a escrever estas memórias, é uma bela partilha para nós e penso que bom para o seu espírito e para fazer o seu luto. Agora pode magoar, mas também pode ser libertador...
Branca
Isabel
Minha Querida Amiga,
Estou preocupado comigo mesmo ...
Terei clicado devidamente para que os três textos poéticos que a este Seu post dediquei, Lhe tivessem chegado!?
Terei neles sido inconveniente ao ponto de a Minha Amiga decidir não editá-los ...!?
Sabe, Isabel, eu escrevo de rasgo e de rompante, sem rede que seja um rascunho e poderá ter acontecido, involuntariamente, isso mesmo e assim sendo, só Lhe poderei dar razão.
A ter sido assim, peço-Lhe as minhas desculpas!!!
Lembro-me que nesses textos terminava com uma referência às Suas palavras iniciais, quando escreve que ( ... ) " hoje foi dia de fingir e tentar sorrir " ( ... )
E de Lhe dizer que, mesmo quando fingimos e tentamos sorrir, esforçamos por sorrir, já algo se transfigura e ficamos, queiramos ou não, mais receptivos ao sorriso.
O Artista é um fingidor, lá dizia, aproximadamente, o poeta e de tanto fingir ...
Desculpe-me a minha inconfidência porque a ter existido, não foi por mal que a cometi.
Também sei que de boas intenções ...
Um beijinho,
Jaime Latino ferreira
Estoril, 15 de Julho de 2008
Jaime
Se eu não o conhecesse diria:
- Jaime, você não esxiste!
Mas eu conheço-o e, Mana, o Jaime existe MESMO.
1 abraço com muita amizade.
Nini
Óh Nini ...!!!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Julho de 2008
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