Fala-se de dias e dias que escorrem ... sem um filho que partiu! Fala-se à toa ... e escreve-se, sempre, para silenciar a saudade ou as lágrimas. À toa ...
01 setembro 2008
Tisteza, não!
Esta vontade de fugir e ser empurrada por um vento forte regressa.
Regressa sempre, à mesma hora, quando o crepúsculo se instala, lá fora e cá dentro.
Como se corresse a cortina e dissesse “Agora, não! Já representei o meu papel. Está na hora de me retirar para o camarim e tirar a maquilhagem. Deixem estes músculos da face descansar.”
Então, encosto-me ao muro. Olho em direcção ao monte onde rodam as eólicas (sempre aqueles moinhos à espera de D. Quixote).
Tu olhas-me de lá e eu tento imaginar-te, naquele fim de tarde de Outubro de sol.
Mas não vejo; não vejo nada.
É sempre a mesma imagem, a que revejo … o teu andar lento à roda da piscina, a fazeres-me a vontade para que apanhasses um pouco de ar.
O teu andar lento, cansado, desligado já de qualquer razão para o fazeres.
Descubro esse abandono no olhar ausente, embora não triste.
Mas cansado, muito cansado, a pedir repouso.
É sempre isso que procuro – cansaço, desapego ou tristeza?
Mas não, acho que não é tristeza que vejo!
Não suportaria a tua tristeza (consciente).
Vem lágrima companheira.
Preciso de chorar,
Preciso de recuar no tempo, rever os nossos passos doridos, as nossas conversas a dois, a esperança ainda prometida de Setembro mas desfeita em mil cacos, em Outubro.
Apesar da tristeza e do medo … entre nós, não havia silêncios pesados.
Agora são o meu camarim, para onde me retiro, quando o dia chega ao fim..
Interlúdio
As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.
Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.
Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.
Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.
Fico ao teu lado.
Cecília Meireles
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Isabel,
não me conhece, nem eu conhecia o seu blog.
foi-me dado a conhecer por uma anonima que seguia os meus blogs...
anonima bem itencionada,julgo, com a intenção de a poder ajudar...
eu gostaria mto, mto de o fazer... cá estou eu à espera que passe esta minha hora fatídica, ds 6h às 7h... estou esperando já algum tempo, como o faço, há mais de 3 anos...
bem, a minha vinda, foi tomar conhecimento do seu drama, da sua dor... inteirar-me...
penso que já percebi... infelizmente o meu drama é mais complexo... entenda, não que seja mais doloroso... só mais complexo..
deixo-lhe a minha solidariedade, alguns sopros de força, que eventualmente lhe possa transmitir...
voltarei, talvez numa outra fase em que os blogs não me relembrem toda a dor e raiva que julguei não poder suportar...
parabens pelo seu netinho, beijos ao David e para si Isabel.
Hoje li tudo de uma ponta à outra.
Estou muito emocionada e com um nó na garganta.
Mais uma vez, não consigo dizer nada...
Deixo-lhe um abraço apertado e um beijinho (espero que os sinta)
Marina
PS: Os líquidos do Sr. António eram de Sto Tirso?
olá Isabel
passei para lhe deixar um beijinho
tristeza não é pura e simplesmente a saudade e essa permanece para sempre
beijinhos do tamanho do Mundo
Mais um lindo poema de Cecíia Meireles a ilustrar os silêncios. Prefiro não falar da tristeza, não agora nestes dias...
Um enorme e apertado abraço apenas, como se tivesse aí o meu ombro para se encostar nele.
Branca
Enviar um comentário