23 setembro 2008

Desencontro


Receio andar desencontrada de mim própria.
Como é não sei, mas é isso que sinto.
Como se este corpo não me pertencesse.
Como se as tonturas, provocadas pelo medo, regressassem como se o dia do medo voltasse a ser cada dia de hoje.
Como se a mão que aqui escreve fosse a de alguém que conta uma história triste
E não eu, uma das personagens da história.
Porque a história que conto encerrou-se, com as personagens lá dentro.
Se não, não haveria história nem personagens.
Então como estou eu, aqui?
Com o mesmo medo e as mesmas lágrimas daquela personagem, encerrada na história daquele livro que se fechou?
E onde um filho se quedou?

3 comentários:

Anónimo disse...

Se a Morte fosse algo que a Isabel desse por definitivo este blogue não existia.A "Casa da Venância" é um acto de Insubmissão contra esse Arquétipo Irreal e o palco onde se trava a luta de David contra Golias...António

Anónimo disse...

Olá, Isabel.
Por outros motivos, bem fúteis perante o seu sofrimento, sei bem o que sente. É como se estivessemos a pairar, e nos estivessemos a ver de fora.....como se de um filme se tratasse, filme esse em que nós não queremos entrar. E uma dôr....
Só lhe posso dizer que a acompanho, e que adoraria tirar-lhe essa dor, que arde, arde.
Mas ninguém a pode tirar, infelizmente. Só o tempo, embora agora lhe pareça impossível, irá minimizá-la. Ficará a cicatriz, de que já lhe falei, sempre dormente, mas já sem dor. Daqui a quanto tempo? Não lhe sei dizer. Um Beijo para si, para o seu Neto e para o David, onde quer que ele esteja.
MM

Anónimo disse...

Isabel,

Como eu gostaria de lhe dizer aqui publicamente,

Junto daqueles que todos os dias a lêem

Junto dos que falam e dos que permanecem calados

Junto da sua irmã, a minha querida amiga Ana Cristina

Junto de todos os que vos amam muito e dos que vos amam menos

Junto dos que vos apoiam

Junto dos que não entendem a exposição de tamanha dor, mas que não podem passar sem ela

Junto dos hipócritas e dos mansos de coração,

que um dia, o medo, a dor,a revolta, o sentimento de injustiça, a saudade e a tristeza vão passar, mas não posso!

Nada disto vai desaparecer mas aprendemos dolorosamente primeiro e com consolação depois, a viver com todos estes sentimentos,a sentirmos o coração crescer e inexplicavelmente a continuarmos a Amar todos os que permanecem connosco, visíveis ou não.

Temos que nos dar Tempo!

Temos que desejar outros Encontros.

Porque as histórias tristes ou alegres, uma vez escritas e partilhadas não se encerram nunca, mesmo que os livros pareçam fechados, arrumados em prateleiras, caladinhos...

Nós estamos por aqui e vamos continuar a falar.

Manuela Baptista

Estoril,24 de Setembro 2008