Terminei o livro
diário
percurso da tua doença
nossa vivência
da tua coragem
da minha luta
do teu carinho
da minha secura de olhos
das noites em branco
das mãos que se uniram
dos teus passos determinados
da música sempre presente
de desentendimentos
de calor humano
da solidão
de um convite para dançar
já fora do nosso tempo
da libertação no mar.
Não sou capaz de o reler... Para já!
Fio
No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.
Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.
Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão...
— Para que serve o fio trêmulo
em que rola o meu coração?
Cecília Meireles
6 comentários:
Isabel, quando era pequena a minha mãe declarava-me um verso, inocente e leve na altura, .....sábio,para mim, agora: "Tenho uma ferida aberta, quase a cicatrizar, mas cada vez que te vejo, ela começa a sangrar..." e continuava. Não releia já, deixe fechar mais.
Um beijinho,
MM
MM
ÓLEO
Correm no prado selvagens
Os cavalos das pastagens
Deitada olha a menina
Os sonhos de pequenina
-.-
Deitada na erva fina
Sonha livre sua sina
Sonha liberta das margens
Das equações e voragens
-.-
Rubra a cor castas clivagens
Alva é quando se empina
Como um cavalo se inclina
-.-
Deixa-se ir na colina
Perde a toca como às vagens
Que fertilizam imagens
-.-
A propósito de um óleo de Lucília Figueiredo
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Novembro de 2008
Canção
Tenho um fio
Que me prende o coração
Como um balão de menino
Como o balão do João
E flutua o coração
Como um sonho de menino
Que cansado de brincar
Adormeceu de mansinho
E dança no mar imenso
De estrelas carregado
E puxa-me o fio então
E baloiça o coração
Tenho um fio
Que me prende o coração
Tenho um fio
Preso na minha mão
Manuela Baptista
Estoril,13 de Novembro 2008
Será sempre um livro difícil de ler não pela beleza da escrita mas pela dor da perda.
Há dias e dias.
Há dias que não são dias pese embora o sol e a lua de Outono terem brilhado no céu do Porto até à noitinha.
Saudades de ti, David.
Mas também saudades de nós.
1 beijo da Nini.
CHORA
Chora a ferida em aberto
Óh como custa a sarar
Óh se te vejo por perto
Que tristeza em meu andar
-.-
Se não te vejo é certo
Choro lágrimas no ar
E por te ver eu me aperto
Com vontade de chorar
-.-
Ferida é que a sangrar
Me pesa neste meu estar
-.-
A MM e a Sua mãe
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Novembro de 2008
Jaime....posso tratá-lo assim...? Desculpe, mas tocou-me e muito! No dia 4 de Outubro passaram dois anos que a minha mãe partiu. Serenamente para ela, bruscamente para nós! E não há dia, nem hora, que a saudade não me invada, que a falta que ela me faz, não se faça sinta!Fiquei na linha da frente...desapareceu a única pessoa, que desinteressadamente, se preocupava comigo ( ou melhor, conosco, filhos e netos!)!
Um grande bem haja, Jaime! Há poucas almas assim!
Para a Isabel, um beijo, bem dentro do coração, sempre.
MM
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