Fala-se de dias e dias que escorrem ... sem um filho que partiu! Fala-se à toa ... e escreve-se, sempre, para silenciar a saudade ou as lágrimas. À toa ...
11 novembro 2008
Corredores nocturnos
Deserto estava o pátio à noite, no escuro frio de Novembro.
Sem os risos, sem o tilintar de copos, sem os sons do David oferecidos ao homenageado, sem os gestos de ternura imensa, sem as suas gargalhadas cristalinas verdes dum sonho ... talvez concretizável.
Onde se esconderam os raios de sol, no entardecer desse Julho distante?
Deserto continuou, pela manhã iluminada pelo sol tímido deste Outono.
Deserto ficará e silencioso e repleto de palavras mudas de saudade estrangulada.
Não há cores, nem sons, nem passos que o percorram.
Nem mais gestos de ternura.
Quedo-me na luz que se apagou.
Olhos fechados, afundada no escuro.
Onde estou que não me vejo?
Percorro corredores nocturnos e as imagens esfumam-se, no pátio deserto.
As lágrimas...
DESERTO
Seco
De areias escaldantes
Que enregelam pela noite
Filtra-se na mágoa
De um lugar granítico
Pátio de um desnorte
Que avança às arrecuas
Perdido de uma mão
De outra querida
Em brasa infernal
Que afinal
Sustém o porte
E como dantes
Interroga como ser
O que tu cantes
-.-
Canta Amiga minha
e não te espantes
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Novembro de 2008
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1 comentário:
PARA QUEM CANTO
Se canto para o deserto
Se canto para as coisas
Mar aberto
Se canto para os seres a descoberto
Canto sobretudo para Ti
Óh Ser de espanto
Meu semelhante cheio de encanto
Meu Tu de Si
Vem ao que vi
Não fujas tanto já sofri
Que eu sei a dor em que Tu poisas
E que Te tapa como um manto
Vem ao que vi e que é para Ti
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Novembro de 2008
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