.....Isabel, seguramente, Ela também se sente inteira na e com a Sua dor.
A dor do Seu amado filho.
A dor do Seu amado filho.
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Novembro de 2008
Tem razão quando diz que me sinto inteira com a minha saudade e tristeza.
Estranhamente, é assim.
Não é masoquismo, claro...
Fazem parte de mim; incorporei-as.
Quando me dizem "Isso vai passar ou aliviar..." e eu contraponho, dizendo que não, processa-se um diálogo algo surrealista.
Como se me estendessem, numa bandeja, a cura para este mal e eu não a aceitasse.
Teimosia, minha?
Não há cura para a minha tristeza.
Nunca haverá.
Ninguém pode prometer o que não tem!
O David levou uma parte de mim, que não volta.
Nunca se volta a ser quem se era, quando um filho nos deixa
assim, desta maneira abrupta
dolorosa para ele
e para a mãe.
Haja, ainda,
dias bons,
um sol luminoso na praia de Moledo,
neto amoroso e de olhos sorridentes,
filho timidamente doce,
nora delicada e dedicada,
marido amigo e paciente
.... o David
não volta
um filho doce, amigo, meigo
abandonou a casa
sem o querer.
Foi obrigado a deixar projectos,
a vida
muita vida.
Friamente.
Sem margem de manobra...
E nada volta a ser o que era.
Haverá sempre uma tela de saudade
interposta entre mim
e o mundo.
Não está na mão de ninguém
restituir-me
o que perdi.
Não está na minha mão
aceitar ou não.
Choro, aqui?
Choro.
Continuarei a chorar?
Sempre.
Faz parte de mim.
Aceito a dor, embora não a cale.
Estranha dor esta
que dói,
de que me lamento,
mas que não quero que me abandone.
Esta dor é o que me resta do David.
E não vai passar.
Nunca.
Vive comigo...
Esta dor
Sou eu.
Estoril, 3 de Novembro de 2008
Tem razão quando diz que me sinto inteira com a minha saudade e tristeza.
Estranhamente, é assim.
Não é masoquismo, claro...
Fazem parte de mim; incorporei-as.
Quando me dizem "Isso vai passar ou aliviar..." e eu contraponho, dizendo que não, processa-se um diálogo algo surrealista.
Como se me estendessem, numa bandeja, a cura para este mal e eu não a aceitasse.
Teimosia, minha?
Não há cura para a minha tristeza.
Nunca haverá.
Ninguém pode prometer o que não tem!
O David levou uma parte de mim, que não volta.
Nunca se volta a ser quem se era, quando um filho nos deixa
assim, desta maneira abrupta
dolorosa para ele
e para a mãe.
Haja, ainda,
dias bons,
um sol luminoso na praia de Moledo,
neto amoroso e de olhos sorridentes,
filho timidamente doce,
nora delicada e dedicada,
marido amigo e paciente
.... o David
não volta
um filho doce, amigo, meigo
abandonou a casa
sem o querer.
Foi obrigado a deixar projectos,
a vida
muita vida.
Friamente.
Sem margem de manobra...
E nada volta a ser o que era.
Haverá sempre uma tela de saudade
interposta entre mim
e o mundo.
Não está na mão de ninguém
restituir-me
o que perdi.
Não está na minha mão
aceitar ou não.
Choro, aqui?
Choro.
Continuarei a chorar?
Sempre.
Faz parte de mim.
Aceito a dor, embora não a cale.
Estranha dor esta
que dói,
de que me lamento,
mas que não quero que me abandone.
Esta dor é o que me resta do David.
E não vai passar.
Nunca.
Vive comigo...
Esta dor
Sou eu.
4 comentários:
E nós aqui estaremos, enquanto nos deixar e pudermos, para a acompanhar e acompanhar o David.
MM
Isabel
Tem sempre uma forma bonita e diferente de dizer o que sente.
São palavras de mãe, de mãe saudosa, sempre mãe.
É como se a visse a percorrer os dias e a sentir o David.
É como se nos dissesse baixinho, ao ouvido: O David está aqui perto, muito perto... Sentem-no?
Falo do David e do seu blog, no trabalho.
O David é como se o conhecêssemos desde sempre.
A luz dele vai-se espalhando por aí, através de si.
Que belo tributo lhe faz.
Que amor de mãe tão grande.
Quanta doçura.
Quanta delicadeza na forma como aborda essa coisa rude e inexplicável que é a morte de um filho.
Um filho doce, como a Isabel diz.
Um abraço de admiração deste lado.
Lucília
Compreendo que diga "É assim..."
Compreendo que viva nesse confronto de sentimentos.
Será possível esquecer?
Acredito que não.
E percebo a sua dor, o seu lamento corajoso.
Porque, como diz o Jaime Latino, é preciso ter coragem de se expor.
Agora que conheço o seu blog e que a conheço e conheço o seu drama, penso como ele e como a Isabel.
Porque não gritar "aos quatro ventos" essa imensa dor???
Não foi o que os poetas sempre fizeram?
E quantas vezes, um amor fingido de poeta?
Acompanho-a.
Agradeço-lhe por este blog que foge do normal e é delicadamente humano.
Um abraço.
Se puder (do que duvido) sofra menos.
Antónia Casimiro
VERDADE
Um amor fingido de poeta
Uma tela interposta de saudade
O fingimento é tanto nesta reta
Que se transforma em dor e é verdade
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2008
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