22 abril 2008

Nova regra


A nova regra é impor-me silêncio.
A minha perda desperta os medos que existem nos outros, em cada um de nós.
E afasta-os de mim.
Vaticinam-me solidão.
Talvez o Oráculo tenha razão.



O paraíso


O paraíso terrestre é uma flor verde.
As árvores abrem-se ao meio.

O que é sucessivo perde-se.

Se o tempo modifica os seres e os objectos
eu sinto a diferença e gasto-me.
O sol é um erro de gramática,
a luz da madrugada
uma folha branca
à transparência da lâmpada.

Soam então os barulhos.
Soam
de dentro das caixas fechadas há mais tempo,
de dentro das chávenas de café.

É tarde e és tu.

Acima de tudo,

entre a manhã e as árvores,

à luz dos olhos,

à luz só do límpido olhar.

Nuno Júdice

2 comentários:

Anónimo disse...

Cada um é como é. Falares da tua dor pode ter os efeitos que dizes em algumas pessoas, mesmo muito próximas, que podem escolher não te ler e estar contigo de outro modo. Vantagem desta via. Mas não deixes de dizer o que sentes se isso te ajuda a não sufocar. Não sufoques! Estás só, porque a tua dor é única, mesmo que o Manel, a Olga, O Sérgio e... sofram uma dor imensa porque o David não está aqui. Cada um que sofre, por mais que partilhe, está só. Eles também estão.Porque não há duas dores iguais. Estás só, mas não solitária. Não estás nem vais ficar sozinha. O oráculo que eu consultei é que o diz... Um beijo, Zé

Anónimo disse...

Para quê perder energias a definir regras inúteis?
Beijos.
Nini