Desde o 2º Outubro.
Pela segunda vez … fomos ao Alentejo.
Onde sempre fui para encher os olhos daquela planura dourada. O regressar é doloroso, como se fosse, de cada vez, a primeira vez.
É sempre o regresso a uma casa que ainda não deixou de parecer vazia e onde ninguém nos espera, desde um Outubro de um ano qualquer.
Sei que tivemos tempos felizes, todos juntos, aqui, em Moledo, nos passeios que dávamos, só nós ou com amigos; nos piqueniques que fazíamos; nas festas em casa.
Lembro-me, sem que as imagens surjam nítidas, que houve muitos episódios de alegria e boa disposição.. Lembro-me e, no entanto, não as vejo; a não ser que abra um album e essas imagen que se fixaram no papel me transportem para esses tempos em que a realidade era bem diversa.
Era a realidade que íamos construindo, em alicerces seguros.
Tento transportar-me até esses bocadinhos de tempo que vejo espalhados pelos albums, espalhados pelas fotografias em casa…
E, no entanto, é como se nada se tivesse passado, embora seja eu quem está, ali, naqueles pedaços de papel. Frágeis, voláteis. A que, ali, vejo parece-se, em tudo, comigo.
Até o sorriso é, ironicamente, o meu sorriso.
Já não sei sorrir assim; retesam-se-me os músculos do sorrir.
Agora, nem sempre me sinto real, nem sempre me sinto viva.
Não sinto que sinta.
A não ser saudades dum tempo de cuja existência real … às vezes, duvido.
De tão longínquo, de tão estranhamente desgarrado de mim, de tão inatingível e inimitável.
Os rastos desse tempo, percorro-os, diariamente…
Alguns vestígios do David, coloco-os aqui.
Existimos, com certeza.
Mas agora, que sei eu desta minha existência, onde me parece que, às vezes, vou morrendo de tristeza?
Pela segunda vez … fomos ao Alentejo.
Onde sempre fui para encher os olhos daquela planura dourada. O regressar é doloroso, como se fosse, de cada vez, a primeira vez.
É sempre o regresso a uma casa que ainda não deixou de parecer vazia e onde ninguém nos espera, desde um Outubro de um ano qualquer.
Sei que tivemos tempos felizes, todos juntos, aqui, em Moledo, nos passeios que dávamos, só nós ou com amigos; nos piqueniques que fazíamos; nas festas em casa.
Lembro-me, sem que as imagens surjam nítidas, que houve muitos episódios de alegria e boa disposição.. Lembro-me e, no entanto, não as vejo; a não ser que abra um album e essas imagen que se fixaram no papel me transportem para esses tempos em que a realidade era bem diversa.
Era a realidade que íamos construindo, em alicerces seguros.
Tento transportar-me até esses bocadinhos de tempo que vejo espalhados pelos albums, espalhados pelas fotografias em casa…
E, no entanto, é como se nada se tivesse passado, embora seja eu quem está, ali, naqueles pedaços de papel. Frágeis, voláteis. A que, ali, vejo parece-se, em tudo, comigo.
Até o sorriso é, ironicamente, o meu sorriso.
Já não sei sorrir assim; retesam-se-me os músculos do sorrir.
Agora, nem sempre me sinto real, nem sempre me sinto viva.
Não sinto que sinta.
A não ser saudades dum tempo de cuja existência real … às vezes, duvido.
De tão longínquo, de tão estranhamente desgarrado de mim, de tão inatingível e inimitável.
Os rastos desse tempo, percorro-os, diariamente…
Alguns vestígios do David, coloco-os aqui.
Existimos, com certeza.
Mas agora, que sei eu desta minha existência, onde me parece que, às vezes, vou morrendo de tristeza?
Avishai Cohen é o nome do baixista convidado de hoje.
Este senhor é bastante novo e é israelita. Começou por aprender a tocar piano e só aos 16 anos se mudou para o baixo eléctrico e depois para o contrabaixo.
Depois de ter feito a recruta no exército de Israel, durante dois anos, Cohen voltou a pegar na sua arma da música e mudou-se para Nova Iorque.
Como ainda não conhecia ninguém, arranjou emprego como técnico da construção civil para poder pagar a renda.
Isto lembra-me uma outra questão; assim como há médicos e engenheiros entre os emigrantes dos país de leste cá em Portugal, também existem excelentes músicos como maestros e pianistas a trabalhar em empregos precários e inseguros.
É verdade.
Voltando ao nosso convidado.
Avishai Cohen tocou com vários músicos ilustres dos quais destaco o óptimo pianista Chick Corea.
Hoje vamos ouvir um tema do... onde toca Avishai Cohen.
Até logo... ... Jazz Faz Tarde
David Sobral
5 comentários:
"Eu própria não sei. Borboleta que tem medo de poisar"
Reconhecer que não sabemos talvez seja o primeiro passo do melhor Aprendizado.António.
Canto Nómada
Procuro-me
nos trilhos sagrados
da memória
no ruído alegre
da festa dos dias
No cristal brilhante
do riso das crianças
não mais crianças
não mais riso
não mais festa
Foi a casa construída
pedra a pedra
alicerces seguros
as janelas de vento
e o telhado
E eu aqui a rir
neste papel
amarrotado
descolorido
antiquado
Morrer
morre-se sempre
em cada dia
de solidão
de espanto
Imito
o inimitável
na rede frágil
dos que passam
por aqui
Manuela Baptista
Estoril, 6 de Abril de 2009
AS DEFESAS DA MEMÓRIA
Isabel,
Lembramo-nos, por vezes, do fisica e geograficamente mais distante, menos do que nos está mais próximo.
O que nos está mais próximo é vivido com tal intensidade que, distanciando-nos, de tão real e intenso nos parece irreal ao ponto de não sabermos bem se sentimos, se verdadeiramente aconteceu.
É a memória que se escuda do que aconteceu ou vai acontecendo num efeito anestésico sem o qual, provavelmente, não conseguiriamos suportar tamanha intensidade.
Mas ela resguarda as recordações que mais tarde voltam, doseadas, em toda a sua claridade.
E tanto mais quanto mais pacificada as conseguir encarar!
Fique descansada que não se esquece e muito menos quando sistemática, se preenche deste exercício contra o esquecimento!
Um beijinho, Seu
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Abril de 2009
O coração aperta de saudade neste mês de Abril,como em todos os outros meses desde aquele Outubro que nunca devia ter existido.
Vestígios do David!?
Não,recuso que assim seja.
O David existe, está presente por inteiro na nossa vida e nunca recordaremos apenas vestígios.
Recordaremos o David.
Uma pessoa grande,maravilhosa e única para quem o ama.
Que palavras dizer a uma mãe que viu morrer o filho aos 29 anos?
Que palavras dizer a uma irmã de olhar perdido dobrada pelo peso da tristeza,da dor e da revolta?
Que palavras em mês de Abril,em mês dos 31 anos do David?
Abandono-me em sonhos antigos porque faltam forças para sonhar o amanhã.
Nini
QUE PALAVRAS
Há falta de palavras, cante-se, toque-se ou oiça-se música porque ela é assim como que um alento adicional onde cabem todas as palavras e mais aquelas que não se sabem como dizer!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Abril de 2009
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