Fala-se de dias e dias que escorrem ... sem um filho que partiu! Fala-se à toa ... e escreve-se, sempre, para silenciar a saudade ou as lágrimas. À toa ...
29 abril 2009
Apesar de
Apesar do tempo que correu.
Apesar das lágrimas que vou chorando.
Apesar de ir vivendo a vida possível.
Apesar das cartas que escrevi.
Apesar de uns olhitos negros me sorrirem.
Apesar de eu sorrir a esses olhos tão puros.
Apesar das consultas...
Apesar dos amigos.
Apesar de os teus sons inundarem os meus dias.
Apesar de me despedir, todos os dias.
Apesar deste blog e dos amigos que me ouvem e lêem e respondem.
Apesar do livro que estou a terminar.
Apesar de tudo isso...
Deito-me com o coração cansado de bater.
Deito-me com os olhos espantados de não te verem.
Deito-me ... com medo.
E acordo para novo bater de coração acelerado.
E acordo para a angústia, sempre renovada, de que não te vais curar.
Acordo para o mesmo medo...
Ou será sempre o mesmo espanto de não te ver?
Espanto, medo, cansaço, angústia.
Eis a matéria de que se fazem os meus dias...
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7 comentários:
APESAR
Apesar do medo a vida continua
E será Vida sempre que dele me soerguer
Como o faço a custo
Por muito que seja sofrer
Apesar do cansaço prossigo
Reúno forças que dispersas
Por muito que sejam diversas
Malbaratadas me terçam
Apesar da angústia
Fustiga
Minha vontade irriga
Sonhos meus água perdida
Quanto ao espanto
Esse
Na perda me fará ver
Mais longe
Sublime Ser
Que não me deixe à morte
Juntar-lhe o meu perecer
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Abril de 2009
Gostava tanto de poder ter o dom de lhe aliviar a dor e de a deixar só com boas recordações!
Um beijinho, bom fim de semana
MM
Sobre os Dias
A matéria dos dias é uma coisa estranha.
Às vezes é leve quase sem peso nem pesar, outras muda de cor, de consistência, de textura.
Uma vezes estamos de acordo com ela, outras ela entra em desacordo connosco. E corrói e queima e magoa.
Outras desliza e escorrega pelos dedos e queremos segurá-la e ela já lá não está. Umas vezes agarra-se-nos à pele, pegajosa e húmida como o medo, cinzenta escura como a angústia.
A matéria dos dias é uma coisa estranha, mas é segura. Sabemos que está lá e que podemos gostá-la ou odiá-la e às vezes conseguimos transformá-la.
Manuela Baptista
Querida Isabel,
Deixo-lhe um beijo.
Branca
Olá, a todos.
Especialmente à Isabel que, aqui, nos junta.
Para ela, vai um abraço de profunda amizade, mesmo não a conhecendo...
Há pessoas que não precisamos de conhecer para sabermos que estamos perante um grande coração, uma grande mulher.
Que sabe cultivar amizades, no meio da dor imensa que, por vezes, a transporta par além do nosso comezinho dia a dia.
Obrigada, aos que aqui colcam posts. São posts diferentes dos outros; todos eles, envoltos de afecto, de compreensão pelo mundo que os rodeia. Temos o grande Jaime, sempre de "caneta" em riste; a sua doce Manuela, a Branca, mulher defensora de causas nobres, a paula Simões, esmpre com uma palavra amiga; a generosa Marina, com um tempinho para dar um alento aos outros,a(o) MM, de palavras curtas mas certeiras; a mana da Isabel que sofre a sua dor sem se tentar sobrepor à irmã, outros menos frequentes, vindos de Lamegoa, de Leiria...
Ainda bem que vos encontrei.
este é um blog diferente de todos os que conheço.
Cosntruído em volta duma saudade imensa de mãe pelo seu filho perdido, consegue ser doce, alegre e inteligente.
Nada de falinhas ocas.
Parabéns.
Obrigada, Isabel
João
JOÃO
Caro Amigo,
Essa do grande deixou-me bem pequenino!
Espero que o meu Amigo se tenha dado conta da página que escrevi no meu blogue à data do aniversário do David e em que segui, exactamente, as suas sugestões.
Um abraço amigo
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Maio de 2009
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