24 outubro 2008

Uma certa canção..



O que vou sendo e resistindo...
Aprendi com o David.
Sem propósito algum de comprar seja o que for,...passeio-me, agora, pela FNAC.
Tal como o David fazia, com regularidade.
Acabava de jantar e anunciava "Vou até à FNAC." A maior parte das vezes, regressava sem comprar nada.
Às vezes, eu ia com ele.
Passeava-se pelos corredores do Jazz, da música cubana, da música negra, da música alternativa, da música portuguesa.
Ouvia um; ouvia outro...
Pesquisava, avaliava, analisava.
Escolhia, criteriosamente, a música em que valia a pena investir.
Acumulava cheques FNAC oferecidos, nos anos, no Natal...
Era a melhor prenda que lhe podiam dar - um cheque FNAC.
Aqui em casa, ss prateleiras à minha frente estão cheias de música.

Agora, comecei a fazer o mesmo.
Vou à FNAC. Ponho os auscultadores, aqui; outra vez, acolá. Sinto o David próximo de mim.
Venho, quase sempre, mais triste.
Mas que interessa? Estou sempre triste, mais ou menos triste...
Estou a aprender a escolher os sons, a identificar as melodias do David de que eu sempre também gostei.
Todos temos um certo tipo de timbre, um som especial que nos faz vibrar mais do que outros.
Sei identificar os do David, ao fim de tanta música ouvir, escolhida por ele.
Antes, não precisava de me preocupar porque ele nos mantinha, a mim e ao Manel, sempre actualizados em termos de música e cinema (alternativo)...
Mas, agora...
Então, lá vou; só por ir. Em busca de um som, um timbre, um vibrar diferente da corda de uma guitarra (que ele também tocava, não sabiam?)
Comprei, um destes dias, um CD que sinto que lhe agradaria (pelo menos, certas faixas) e cantaria (tinha uma voz bonita, teve aulas de canto!).
Chama-se "Gracias" da Omara Portuondo.
Sei mesmo que o David dançaria, ... vejo-o (ainda não tão nitidamente quanto gostaria).

Não o posso ouvir, sem que chore.

Sobretudo a canção "Felicidad". Fala de mim.

Adiós felicidad casi no te conocí

Pasaste indiferente, sin pensar en mi sufrir

Todo mi enpeño fue en vano

No quisiste estar conmigo

Y ahora me queda más honda

Esta sensación de vacío


Adiós, felicidad, casi no te conocí

Pasaste indiferente, sin querer nada de mí

Pero talvez lhegue el día en que pueda retenerte

Mientras con la esperanza de ese día viviré


Adiós felicidad

Adiós felicidad

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