O actor principal permanece, ali, quieto e paciente ...até que o chame.
Levanta-se, então, de mansinho e vem, pé ante pé, convidar-me para dançar.
E eu levanto-me, devagarinho...
(Salvador Dali)
No campo, são as mesmas árvores;
no céu, são as mesmas nuvens.
Outras árvores caíram, outras nuvens passaram;
mas o campo é o mesmo, e o céu não
mudou.
A sua natureza é esta: permanecer
dentro da própria mudança.
O homem que aqui esteve, porém, já
não é o mesmo. Quando olha para as árvores
que mudaram a folha, e para o céu onde
as nuvens sucedem às nuvens, não se
reconhece. O tempo do homem não se
renova, nem a natureza lhe ensina
como ser o mesmo quando tudo muda.
Por isso, o homem deita as árvores
abaixo, não olha para o céu, e anda em
frente como se o campo lhe pertencesse,
e não às aves que se abrigam entre
as folhas. O tempo do homem é não saber
do tempo, nem ouvir o canto das aves que
pertence a este céu que já não existe.
Nuno Júdice
2 comentários:
O tempo do homem é perceber o sentido da Vida.Que a sua natureza é imperecível para além da própria mudança.Que,cada um de nós,tem um corpo,mas que esse corpo é apenas um dos vários veículos transitórios da sua alma perene.António
É preciso acreditar...
Já quanto aos sentimentos basta deixá-los fluir e isso acontece sem qualquer esforço porque a dor é imensa .. ainda!?
1 beijo.
Nini
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