Fala-se de dias e dias que escorrem ... sem um filho que partiu! Fala-se à toa ... e escreve-se, sempre, para silenciar a saudade ou as lágrimas. À toa ...
09 junho 2008
Impossível recuar!
Como pode ser este meu tempo o tempo real, se não houve tempo para escolher. Se repentinamente, tudo me foi imposto?
Nada foi depois como era antes.
Nada foi, nunca mais, fruto de decisões. Apenas um caminho se abria, sinuoso e sombrio, com percurso obrigatório. Clareiras, houve algumas! Mas rapidamente transformadas em pântanos onde um tropel de emoções se afogava.
E nunca mais... Nunca mais, uma vida a viver simplesmente; sem ter que, continuamente, olhar, ansiosa, para o reverso da medalha, antes de avançar, de dar o passo seguinte.
Passo, de qualquer maneira, obrigatório! Sem margem para adiar ou não querer.
É terrível viver assim.
Transforma-se definitivamente a percepção que temos do mundo, embora, na aparência, mas só na aparência...tudo continue, aparentemente igual.
E penso, contínua e constantemente, no que foi a nossa vida. Percorro, novamente, todos os passos dados.
E recuo e avanço para recuar e, de novo, avançar pelo sulco, já traçado pelos sempre mesmos passos gastos, já mil vezes, dolorosamente, repisado.
E não há cansaço que suspenda este percurso...
Talvez procure, inutilmente, apagá-lo.
Não da minha memória, onde esses dias e imagens se encerraram, mas apagá-los no sentido de, por artes de uma magia impossível qualquer, regressar atrás e tudo reinventar e pudéssemos ir por um caminho alternativo e tudo fosse diverso.
Um caminho, onde nada tivesse terminado, ou mesmo, nem sequer, começado.
Porque depois de começado!..
A vida continua assim... mutilada, sempre ligada ao que podia ter sido e não nos foi permitido.
Era-se e, num tremer de pálpebras, num não tempo, já não se era.
E, cada dia, se repete o já acontecido ...
Que se fica só e, novamente, abandonada.
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