10 março 2008

Simulacro de vida



Já não sei o que é mais doloroso; se o desaparecimento do David, se os pesadelos nocturnos e as imagens entrecortadas que me aparecem e em que regresso ao passado e o revivo, passo a passo, sabendo o desenlace.
Nesses pesadelos, nesse "regresso" diário ao passado não há fuga, nem a esperança.
Deve ser, por isso, que se diz "Enquanto há vida, há esperança".
Agora não há vida, nem esperança. Cada dia é apenas mais um dia.

Gosto das palavras dos poetas que dizem parte do que eu sinto.


Princípios

Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.

Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.

Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
sabemos do amor.

Nuno Judice

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