31 maio 2009

Duermen en mi jardin




Noite quase fresca de quase Junho.
Ainda algum calor.
Cigarras e grilos.
Céu sem lua. Céu límpido.
Um cão que ladra ao longe.
Calor com brisa de vento.
Janelas abertas e cortinas que esvoaçam.
Gelo num copo de água.
O comboio que atravessa a ponte, compassadamente.
Compay Segundo.
Luzes a meia luz.
Música de fundo.
As mangas dele arregaçadas.
Finalmente a frescura da noite.
Ambientes do David.
Pela noite fresca dentro.
Ambientes nossos, antigos, que trazem saudades.
Música, sempre.
Buena Vista Social Club.
Ouvido nestas noites lentas... de saudade
Que me esvaziam pela noite dentro.
Já de frescura.
Ainda de silêncio...

Silêncio



Silencio

Composição: Rafael Hernandez / Ibrahim Ferrer

Duermen en mi jardin
las blancas azucenas, los nardos y las rosas,
Mi alma muy triste y pesarosa
a las flores quiere ocultar su amargo dolor.

Yo no quiero que las flores sepan
los tormentos que me da la vida.
Si supieran lo que estoy sufriendo
por mis penas llorarían también.

Silencio, que están durmiendo
los nardos y las azucenas.
No quiero que sepan mis penas
porque si me ven llorando morirán.

7 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

" Yo no quiero que las flores sepan
los tormentos que me da la vida. "


E mesmo que em teus tormentos me conseguisse colocar e, por isso, Contigo chorasse como choro neste chouro que é lamento e prece, não deixaria de cantar como tu cantas, trauteando com os Buena Vista Social Club.


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 31 de Maio de 2009

Anónimo disse...

Isabel, obrigada pela referência...gosto do seu canto, gostava de a poder ajudar mais, mas sei que não é fácil. No entanto, já sabe, vamo-nos encontrando por aqui, há quem a oiça, há quem a compreenda.
Um GRANDE beijinho,
MM

manuela baptista disse...

Dormem no meu jardim

Dos pássaros,
as penas.
Dos teus braços,
a sombra.
Dos teus olhos,
o brilho.
Dos cristais de gelo,
a frescura do entardecer.
Do silêncio,
o som de um contrabaixo.
Da noite,
os luzeiros de um chorar
que adormece devagar
como o meu jardim.

Manuela Baptista

Anónimo disse...

A Manuela tem um dom especial de serenar quem a lê.
Eu perdi uma filha há 13 anos e, ainda hoje, não consigo entender como o mundo desabou.
Era pequenina. Dizem-me que não notou, médicos explicaram-me vezes sem conta e mostraram-me com imagens que ela não podia ter sentido nada. Um angioma.Um grãozinho destruiu a nossa vida.
Não posso imaginar a dor da Isabel. Um filho jovem, consciente do que o espera.
Não posso sequer imaginar.
Ainda bem que há Manuelas e Jaimes.
Eu também lhes agradeço.
Não tenho a coragem da Isabel.
Obrigada
Ilídia

Anónimo disse...

Isabel

Ao ler as suas palavras que consegue sempre que sejam bonitas mesmo que só para falar danoite ou do calor ou das cortinas ... sinto que a vejo.
talvez debruçada naquela janela da cozinha de que, às vezes, fala.
Sim, daquela janela onde diz que ia fumar um cigarro quando já não aguentava o peso...
Imagino-a, aí, com as imagens do passado e do agrado do David a estenderem-se à sua frente.
Descreve muito bem o que sente e eu não quero dizer-lhe que vai passar; provavelmente não passará esse Amor tão presente de mãe de um filho ausente.
Gostaria de fazer minhas as palavras da Manuela e do Jaime.
Sabem sempre dizer-lhe coisas bonitas.
Como já tive ocasião de lhes dizer, através desta estranha casa que junta pessoas tão diferentes.
Continua a ser uma casa bonita, a sua.
Um abraço
João

manuela baptista disse...

Para Os Que Moram Nesta Rua

Na minha rua há uma Casa bonita com uma tristeza à janela e quando eu passo por ela, digo-lhe "Bom dia tristeza! O que fazes à janela?".

E a Casa, com voz de vento:

"Espalho por aí pedaços de mim e à noite quando os junto num novelinho de histórias, cada história um segredo, cada segredo um dedo que desenha pelo ar uma canção de embalar."

Na minha rua há uma Casa bonita com histórias à janela.

Manuela Baptista

jaime latino ferreira disse...

ILÍDIA E JOÃO


Como agradecer-Vos ...!?

Reconhecido, Vosso


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Junho de 2009