Ontem foi domingo! E eu nunca gostei do domingo. Vá lá saber-se porquê!
Agora, desde a morte do meu filho David, ainda menos. A saudade aumenta e a ausência de um filho que pari toma um peso que se me entranha no corpo e me faz aninhar e me amarfanha.
Apetece-me dizer - vão, vão andando; a vida está aí, ao virar da esquina, talvez numa paragem de autocarro ... os dias chamam; todas as horas contam.
Mas a mim, deixem-me ficar neste limbo. Nem fim ... nem princípio. Um recomeço? Não! Recomeçar dói. Implica deixar algo; virar as costas. Como posso desprender-me de mim própria? Se estou lá atrás?
Princípio então de quê?
E o fim é apenas isso. Fim da linha.
Estranhos sentires estes em que me desmembro.
©Renato Roque, Outra imagem do Oeste para Robert Adams, Figueira da Foz, Junho 2010
Agora, desde a morte do meu filho David, ainda menos. A saudade aumenta e a ausência de um filho que pari toma um peso que se me entranha no corpo e me faz aninhar e me amarfanha.
Apetece-me dizer - vão, vão andando; a vida está aí, ao virar da esquina, talvez numa paragem de autocarro ... os dias chamam; todas as horas contam.
Mas a mim, deixem-me ficar neste limbo. Nem fim ... nem princípio. Um recomeço? Não! Recomeçar dói. Implica deixar algo; virar as costas. Como posso desprender-me de mim própria? Se estou lá atrás?
Princípio então de quê?
E o fim é apenas isso. Fim da linha.
Estranhos sentires estes em que me desmembro.
©Renato Roque, Outra imagem do Oeste para Robert Adams, Figueira da Foz, Junho 2010
3 comentários:
ISABEL VENÂNCIO
Querida Amiga,
Porque é que recomeçar há-de implicar deixar para trás o que quer que seja?
Ou virar as costas a?
Pergunta a Isabel como se pode desprender de si própria se está, como escreve, lá atrás?
Para logo acrescentar, então, princípio de quê?
Quem de nós se pode, em rigor, desprender de si mesmo?
Pois se nem fim, nem princípio, porque não uma continuação?
Apenas uma continuação!?
Que o é como este Seu blogue, na progressiva metamorfose que vai sofrendo, o comprova!
Limbo?
Estado de incerteza?
Orla?
Pode chamar-lhe como quiser pois o que é a vida senão isso ...!?
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Fevereiro de 2011
Isabel!
Na vida nada se perde, tudo se transforma.
Transformamos as perdas, as ausências em partes da nossa vida.
O David não se perdeu!O David transformou-se...
Escrever essa ausência é transformar a dor em memórias que ajudam a percorrer esse trilho dificil.
Um abraço Isabel
EME
Não consigo e nem quero imaginar essa dor, que ao ser vivenciada, só poderá ser insuportável.
Mas viver, não é esquecer e nem deixar para trás... é levar sempre conosco, em tudo e todos os momentos...
Só lhe posso desejar que consiga acreditar que o David não morreu... apenas foi para um campo melhor, onde não sofre mais e aprende para poder voltar para este mundo escola para mais uma etapa na sua evolução e aprendizagem. Todos nós estamos cá para isso... e se ele foi mais cedo, talvez seja porque já havia plantado as sementes desta vida...
Escreveu que não vê televisão... mas se puder dar uma vista de olhos na novela Escrito nas Estrelas (Sic às 19h15h), ela trata exactamente da morte precoce de uma pessoa especial, e da espiritualidade dos acontecimentos.
Enviar um comentário