Fala-se de dias e dias que escorrem ... sem um filho que partiu! Fala-se à toa ... e escreve-se, sempre, para silenciar a saudade ou as lágrimas. À toa ...
07 junho 2009
Pirilampos
De Moledo ... Onde, ao anoitecer, brilham os "pirilampos" (leds) do David, espetados na terra, no meio das flores. Lá ao fundo, as eólicas giram. Mais um Domingo.
-Peço desculpa- disse timidamente o Ganso - Mas eu estava ali na página anterior e já começava a sentir-me só! Será que posso entrar?
-Claro! -respondeu o Rapaz -Afinal não é todos os dias que nos entram gansos pela Casa dentro.
-É verdade,mas também é a primeira vez que me vejo assim postado desta maneira, sem os meus companheiros.- disse o Ganso. -Já estive noutras páginas e fiz viagens maravilhosas, como aquela longa e aventurosa através da Suécia com o pequeno Nils Holgersson, mas como esta, nunca tinha feito nenhuma. As pessoas vêm aqui, à noite escrevem umas coisas, algumas nem olham para mim e agora viraram a página e deixaram-me sozinho, mas aí as luzinhas do teu jardim despertaram a minha atenção...
-LEDs, queres tu dizer. -respondeu o Rapaz.
E pacientemente o Rapaz explicou ao Ganso que luzes eram aquelas e o que faziam espetadas na terra, no meio das flores. Falou-lhe das eólicas e do seu eterno girar e contou-lhe histórias de Éolo, Deus dos ventos.
O Ganso contou ao Rapaz das suas viagens e das saudades que sentia dos gansos seus companheiros, de como eram unidos voando em V, seguindo o mais forte e o mais valente. Disse-lhe também que apesar das saudades não queria deixar aquela página, nem a sua missão de a ilustrar. -Os gansos cumprem sempre as suas missões, mesmos as mais complicadas! - disse orgulhoso.
Então o Rapaz combinou com o Ganso voarem todas as noites por aí fora, para descobrirem as estrelas, o canto nocturno das corujas, o voo dos morcegos e o brilho da lua sobre o mar.
E assim antes do amanhecer o Ganso regressaria à sua página, cumpriria o seu destino de pássaro, até ser chamado ou não, para uma outra história.
"No Parque Biológico de Gaia existe uma grande população de pirilampos, mas a espécie encontra-se em vias de extinção devido, sobretudo, à poluição. "São animais muito sensíveis às alterações ambientais, sendo por isso, também, considerados óptimos bioindicadores", disse Nuno Oliveira, explicando que os pirilampos só sobrevivem em locais com "bom ambiente".
Os pirilampos podem ser encontrados em Maio e Agosto e quem já os apanhou sabe que a luz deste insecto não queima e é das luzes mais frias da Terra. "
Mas que trio esse do Joca, do Zé e de ti próprio, trato-te por Ocas que já em noventa e cinco davam cabo da cabeça daqueles com quem se cruzassem!!!
Nos anos sessenta, vê lá tu o fosso de gerações (!), concursos de peidos faziam-se no recato de umas férias em S. Martinho do Porto, quando juntos, os primos íam para a cama e de tanto os darem passavam as noites em claro numa incontida gozação que não tinha fim ...
No dia seguinte, quando tocava a rebate para ir para a praia, era um autêntico castigo!
Fico mais tranquilo porque, afinal, não tens uma fixação pelo Arrábida!!
Ainda bem que nunca me cruzei convosco nos transportes públicos porque, se tal tivesse acontecido, logo vos daria uma amostra da escola dos ditos!!!
Julgas o quê!?
Que os peidos não têm uma ancestralidade crónica!???
Passo por aqui e mato as saudades de Moledo, onde não tenho ido nos últimos anos. Quando voltar vou de certeza lembrar-me do David e dos seus pirilampos. Há muitos anos não os via e no ano anterior fiz uma festa quando encontrei numa noite uma luzinha a brilhar na relva do meu jardim. Pena que estejam em vias de extinção! Há 25 anos quando vim morar para esta casa via-os frequentemente pelo quintal, o ar era puro, havia pinhal à volta da casa e outras espécies de árvores, talvez por isso ainda existissem. Hoje já não há pinhal e das árvores só se salvou um carvalho, o movimento de carros na rua é bem superior, a entrada na via rápida Gondomar-Porto é bem perto e os pirilampos foram à vida, assim como os muitos passarinhos que chilreavam pela manhã, até porque o Inverno invade a Primavera e agora é raro vê-los por aqui, às vezes aparecem timidamente em dias mais quentes pelas árvores de fruta do meu quintal. Quando as noites voltarem a ser quentes vou estar atenta aos pirilampos e a partir de agora vou lembrar-me sempre do David quando os vir. Beijinhos e saudades para Moledo.
-Estás sozinho?- perguntou o Ganso, enfiando lentamente o seu longo pescoço pela porta entreaberta.
-Estou, sê benvindo!-respondeu o Rapaz.
-Lá fora está um calor! Até parece que me enganei no país e escolhi os trópicos em vez de um clima temperado. Onde é que foram todos?-acrescentou o Ganso.
-Sentiram saudades de um mar azul e de oliveiras envelhecidas.-disse o Rapaz.
-Eu às vezes também sinto saudades dos mares e de os atravessar voando alto. Já das velhas oliveiras, não sei. Não as conheço lá muito bem... respondeu o Ganso.
- E que tal bebermos um sumo gelado de melancia e ouvirmos um pouco de jazz? Vem daí grasnar comigo à cozinha!- convidou o Rapaz.
O Rapaz e o Ganso passaram a tarde a conversar; o Ganso aprendeu, que música não era apenas o cantar do vento e da água a correr e que existiam mais instrumentos musicais do que bandos de gansos. Ouviu vozes estranhas de homens que pareciam aves e gostou do que ouviu.
E reconhecido pensou: -Vou ficar mais um tempo por aqui entre os humanos.
Olá Isabel, No dia 27 de Abril tomei conhecimento do seu blog, de si e do David e vim deixar um comentário aqui por causa de um poema que a Manuela Baptista dedicou a si e ao David. Não tomei nota deste endereço e nunca mais voltei. Hoje a Manuela deixou um comentário no meu blog. Eu já não me lembrava quem era a Manuela e ela disse-me que nos tínhamos encontrado aqui. Por isso voltei. Pirilampos: aqui no meu jardim neste tempo há-os às dezenas, Quando se cruzam por mim à noite também os associo à minha filha Mónica. Não sei porquê. Talvez por serem luzinhas a brilhar no escuro. Se estiver com a Manuela diga-lhe que eu passei por aqui. Desta vez vou tomar nota do endereço e vou voltar. Um beijinho, Maria Emília
Faz agora um ano que entrei em contacto com este Seu blogue onde sistemática e persistentemente não mais deixei de Consigo interagir, tempo que não dei, de todo, como perdido.
Pelo contrário!
Em boa hora a Sua irmã, Ana Cristina, para esta Casa me encaminhou ...
Que maior desafio do que aquele que a minha Amiga Isabel me colocou, a saber, aquele de tentar contribuir para aliviar uma dor, a dor da perda irreparável de um filho, de Seu filho David!?
Sabia que a dor da perda e por paradoxal que possa parecer é semelhante àquela de quem tem algo que não se perdeu e que persiste em construir!?
Explico-Lhe em quê:
Tal como a dor que nunca mais acaba, o que se tem e constrói também não!
Há sempre mais alguma coisa, tanto num caso como no outro, para escrever, para contar, para chorar ou rir ou cantar e por mais que nos exponhamos ...
É por isso que, se um filho não morre mesmo tendo fisicamente morrido, uma obra também não e mesmo se em algum momento nos pareça que, finalmente, está resolvida ou concluída!
Isabel,
Desculpe-me caso Lhe possa parecer abusiva a comparação que aqui me atrevo a fazer-Lhe.
Uma coisa é certa:
Em boa hora a conheci!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira Estoril, 14 de Junho de 2009
...andamos todos por aqui meninos vestidos de pássaros luzes mascaradas de pirilampos saudades escondidas em palavras consolo dos que consolam a ausência das ausências a presença possível após a tempestade...
9 comentários:
PIRILAMPOS
Isabel,
De tanto brilharem, os pirilampos não me deixam ver os domingueiros.
Não sei de quem é a culpa, se desses marotos se deste domingueiro esparvoado!?
Um beijinho e um bom domingo
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Junho de 2009
Quando Se Vira A Página
-Peço desculpa- disse timidamente o Ganso - Mas eu estava ali na página anterior e já começava a sentir-me só! Será que posso entrar?
-Claro! -respondeu o Rapaz -Afinal não é todos os dias que nos entram gansos pela Casa dentro.
-É verdade,mas também é a primeira vez que me vejo assim postado desta maneira, sem os meus companheiros.- disse o Ganso. -Já estive noutras páginas e fiz viagens maravilhosas, como aquela longa e aventurosa através da Suécia com o pequeno Nils Holgersson, mas como esta, nunca tinha feito nenhuma. As pessoas vêm aqui, à noite escrevem umas coisas, algumas nem olham para mim e agora viraram a página e deixaram-me sozinho, mas aí as luzinhas do teu jardim despertaram a minha atenção...
-LEDs, queres tu dizer. -respondeu o Rapaz.
E pacientemente o Rapaz explicou ao Ganso que luzes eram aquelas e o que faziam espetadas na terra, no meio das flores. Falou-lhe das eólicas e do seu eterno girar e contou-lhe histórias de Éolo, Deus dos ventos.
O Ganso contou ao Rapaz das suas viagens e das saudades que sentia dos gansos seus companheiros, de como eram unidos voando em V, seguindo o mais forte e o mais valente.
Disse-lhe também que apesar das saudades não queria deixar aquela página, nem a sua missão de a ilustrar.
-Os gansos cumprem sempre as suas missões, mesmos as mais complicadas! - disse orgulhoso.
Então o Rapaz combinou com o Ganso voarem todas as noites por aí fora, para descobrirem as estrelas, o canto nocturno das corujas, o voo dos morcegos e o brilho da lua sobre o mar.
E assim antes do amanhecer o Ganso regressaria à sua página, cumpriria o seu destino de pássaro, até ser chamado ou não, para uma outra história.
Manuela Baptista
Estoril, 7 de Junho 2009
"No Parque Biológico de Gaia existe uma grande população de pirilampos, mas a espécie encontra-se em vias de extinção devido, sobretudo, à poluição. "São animais muito sensíveis às alterações ambientais, sendo por isso, também, considerados óptimos bioindicadores", disse Nuno Oliveira, explicando que os pirilampos só sobrevivem em locais com "bom ambiente".
Os pirilampos podem ser encontrados em Maio e Agosto e quem já os apanhou sabe que a luz deste insecto não queima e é das luzes mais frias da Terra. "
in:www.cienciahoje.pt
O David criou bons ambientes.
Brilhará sempre!
Nini
FRESCURA
Finalmente, desbloqueei os domingueiros!
Ou os pirilampos ...!?
Mas que trio esse do Joca, do Zé e de ti próprio, trato-te por Ocas que já em noventa e cinco davam cabo da cabeça daqueles com quem se cruzassem!!!
Nos anos sessenta, vê lá tu o fosso de gerações (!), concursos de peidos faziam-se no recato de umas férias em S. Martinho do Porto, quando juntos, os primos íam para a cama e de tanto os darem passavam as noites em claro numa incontida gozação que não tinha fim ...
No dia seguinte, quando tocava a rebate para ir para a praia, era um autêntico castigo!
Fico mais tranquilo porque, afinal, não tens uma fixação pelo Arrábida!!
Ainda bem que nunca me cruzei convosco nos transportes públicos porque, se tal tivesse acontecido, logo vos daria uma amostra da escola dos ditos!!!
Julgas o quê!?
Que os peidos não têm uma ancestralidade crónica!???
Hut, chapéu!!!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Junho de 2009
Olá Isabel,
Passo por aqui e mato as saudades de Moledo, onde não tenho ido nos últimos anos.
Quando voltar vou de certeza lembrar-me do David e dos seus pirilampos. Há muitos anos não os via e no ano anterior fiz uma festa quando encontrei numa noite uma luzinha a brilhar na relva do meu jardim. Pena que estejam em vias de extinção! Há 25 anos quando vim morar para esta casa via-os frequentemente pelo quintal, o ar era puro, havia pinhal à volta da casa e outras espécies de árvores, talvez por isso ainda existissem. Hoje já não há pinhal e das árvores só se salvou um carvalho, o movimento de carros na rua é bem superior, a entrada na via rápida Gondomar-Porto é bem perto e os pirilampos foram à vida, assim como os muitos passarinhos que chilreavam pela manhã, até porque o Inverno invade a Primavera e agora é raro vê-los por aqui, às vezes aparecem timidamente em dias mais quentes pelas árvores de fruta do meu quintal.
Quando as noites voltarem a ser quentes vou estar atenta aos pirilampos e a partir de agora vou lembrar-me sempre do David quando os vir.
Beijinhos e saudades para Moledo.
No Calor da Tarde
-Estás sozinho?- perguntou o Ganso, enfiando lentamente o seu longo pescoço pela porta entreaberta.
-Estou, sê benvindo!-respondeu o Rapaz.
-Lá fora está um calor! Até parece que me enganei no país e escolhi os trópicos em vez de um clima temperado. Onde é que foram todos?-acrescentou o Ganso.
-Sentiram saudades de um mar azul e de oliveiras envelhecidas.-disse o Rapaz.
-Eu às vezes também sinto saudades dos mares e de os atravessar voando alto. Já das velhas oliveiras, não sei. Não as conheço lá muito bem...
respondeu o Ganso.
- E que tal bebermos um sumo gelado de melancia e ouvirmos um pouco de jazz?
Vem daí grasnar comigo à cozinha!- convidou o Rapaz.
O Rapaz e o Ganso passaram a tarde a conversar; o Ganso aprendeu, que música não era apenas o cantar do vento e da água a correr e que existiam mais instrumentos musicais do que bandos de gansos. Ouviu vozes estranhas de homens que pareciam aves e gostou do que ouviu.
E reconhecido pensou:
-Vou ficar mais um tempo por aqui entre os humanos.
Manuela Baptista
Estoril,12 de Junho 2009
Olá Isabel,
No dia 27 de Abril tomei conhecimento do seu blog, de si e do David e vim deixar um comentário aqui por causa de um poema que a Manuela Baptista dedicou a si e ao David.
Não tomei nota deste endereço e nunca mais voltei.
Hoje a Manuela deixou um comentário no meu blog. Eu já não me lembrava quem era a Manuela e ela disse-me que nos tínhamos encontrado aqui. Por isso voltei.
Pirilampos: aqui no meu jardim neste tempo há-os às dezenas, Quando se cruzam por mim à noite também os associo à minha filha Mónica. Não sei porquê. Talvez por serem luzinhas a brilhar no escuro.
Se estiver com a Manuela diga-lhe que eu passei por aqui. Desta vez vou tomar nota do endereço e vou voltar.
Um beijinho,
Maria Emília
ANIVERSÁRIO
Isabel Venâncio,
Faz agora um ano que entrei em contacto com este Seu blogue onde sistemática e persistentemente não mais deixei de Consigo interagir, tempo que não dei, de todo, como perdido.
Pelo contrário!
Em boa hora a Sua irmã, Ana Cristina, para esta Casa me encaminhou ...
Que maior desafio do que aquele que a minha Amiga Isabel me colocou, a saber, aquele de tentar contribuir para aliviar uma dor, a dor da perda irreparável de um filho, de Seu filho David!?
Sabia que a dor da perda e por paradoxal que possa parecer é semelhante àquela de quem tem algo que não se perdeu e que persiste em construir!?
Explico-Lhe em quê:
Tal como a dor que nunca mais acaba, o que se tem e constrói também não!
Há sempre mais alguma coisa, tanto num caso como no outro, para escrever, para contar, para chorar ou rir ou cantar e por mais que nos exponhamos ...
É por isso que, se um filho não morre mesmo tendo fisicamente morrido, uma obra também não e mesmo se em algum momento nos pareça que, finalmente, está resolvida ou concluída!
Isabel,
Desculpe-me caso Lhe possa parecer abusiva a comparação que aqui me atrevo a fazer-Lhe.
Uma coisa é certa:
Em boa hora a conheci!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Junho de 2009
...andamos todos por aqui
meninos vestidos de pássaros
luzes mascaradas de pirilampos
saudades escondidas em palavras
consolo dos que consolam
a ausência das ausências
a presença possível
após a tempestade...
Manuela Baptista
Estoril, 14 de Junho 2009
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