Todos nós temos uma história.
A cada dia nos tecemos com faúlhas do fogo do passado.
Coisas boas? Dias maus?
A mim, sobrou-me muito medo.
Tenho medo do medo em que vivi.
Tenho medo do medo que o David deve ter sentido.
Sem que eu pudesse ter ajudado.
Esse pensamento contínuo queima os olhos...
Por onde andaria, que não me apercebi?
Porque não me apercebi?
Ainda agora não sei.
Só a roda da sorte?
Inevitável?
A calmaria ficou para trás... fiquei tão distante de mim.
O percurso da vida é de sentido único.
Caminhos de volta? Não há.
Nem os procuro.
Foram apagados.
Sigo em frente, por pequenos atalhos, tendo como pano de fundo a cortina da memória.
Sigo em frente, dorida, sem o apoio da esperança e, se a houvesse, alguma ilusão de eternidade.
Sou hoje - sonho ou realidade?
Não sei.
Sou estas palavras que aqui vão ficando, feitas de mágoa e nostalgia.
Porque houve e há um David que sinto, aqui, sempre tão próximo e sempre tão presente.
Como se fora ontem.
.................
Procuro-me, determinada, no reflexo daqueles olhitos negros e alegres do meu neto.
Procuro-me em breves sorrisos do meu filho.
Sou também isso.
É tudo muito vago.
A cada dia nos tecemos com faúlhas do fogo do passado.
Coisas boas? Dias maus?
A mim, sobrou-me muito medo.
Tenho medo do medo em que vivi.
Tenho medo do medo que o David deve ter sentido.
Sem que eu pudesse ter ajudado.
Esse pensamento contínuo queima os olhos...
Por onde andaria, que não me apercebi?
Porque não me apercebi?
Ainda agora não sei.
Só a roda da sorte?
Inevitável?
A calmaria ficou para trás... fiquei tão distante de mim.
O percurso da vida é de sentido único.
Caminhos de volta? Não há.
Nem os procuro.
Foram apagados.
Sigo em frente, por pequenos atalhos, tendo como pano de fundo a cortina da memória.
Sigo em frente, dorida, sem o apoio da esperança e, se a houvesse, alguma ilusão de eternidade.
Sou hoje - sonho ou realidade?
Não sei.
Sou estas palavras que aqui vão ficando, feitas de mágoa e nostalgia.
Porque houve e há um David que sinto, aqui, sempre tão próximo e sempre tão presente.
Como se fora ontem.
.................
Procuro-me, determinada, no reflexo daqueles olhitos negros e alegres do meu neto.
Procuro-me em breves sorrisos do meu filho.
Sou também isso.
É tudo muito vago.
5 comentários:
Isabel, o ano mudou, mas não foi por isso que deixei de aqui vir.Gosto de a acompanhar, de a ler, de a sentir. Há pessoas que se afastam quando os outros estão tristes. Eu gosto de me sentir perto quanda há alguém assim, pois é nesses momentos tristes que mais precisamos sempre de alguém.E a Isabel, nesse seu papel, nessa sua montra, precisa certamente de alguém que lhe cuide do armazém.... :) Mais uma vêz, deixo-lhe aqui um poema, que julgo gostará de ler.
Um grande beijinho, da sua MM
Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
Querida Isabel
Querida Nini
Queridas Ovinho Estrelado e MM
Demais comentadores que por aqui passam,
Estes últimos dias foram, para mim, dias de grande azáfama suscitada por uma inesperada prenda de ano bom que Filomena Claro, generosamente, me ofereceu:
Esta também minha querida Amiga deu-me um blogue, construído e formatado por Ela com título feliz, A Música e as Palavras e entregou-mo assim, prontinho a ser recheado e com o Seu precioso auxílio, lá tenho vindo a aprender aos poucos como manuseá-lo, dedilhá-lo mais apropriadamente (!), já que recheá-lo, calcularão, é para mim maior deleite que me tem, aliás, absorvido os meus tempos livres.
Este Seu gesto, sensibilizou-me muito ...!
Não é, porém, minha intenção deixar-Vos à sorte, grande presunção a minha (!) e retomo agora e de novo as minhas rotinas, força de expressão também (!), por estes cantinhos onde, aliás, se de alguma utilidade tenho sido, tenho também aprendido muitíssimo já que no sofrimento, no incalculável do seu peso esmagador e irreparável se descobrem sempre caminhos que no percurso da vida se se descobrem é porque estes últimos nunca são de sentido único embora, por vezes, assim possam parecer que são.
Retomo pois o Vosso convívio que não abandonarei embora a gestão das frentes em que me vou desdobrando me obriguem a um redobrado empenho e contenção!
Voltei e reconhecido, por cá estarei!!!
O link do meu blogue:
http://a-musica-das-palavras.blogspot.com
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Janeiro de 2009
Querida Isabel, o David precisa que aceite esta viagem dele. Ele andará sempre por cá porque há amor demais preso a ele para o deixar partir de vez. Tenha muita paciência, encontre paz e sinta-o nos pormenores. Um beijinho
Todos nós temos uma história e talvez haja um sentido nas histórias de cada um de nós,por muito dolorosas que sejam.O nosso Sofrimento preenche-nos e não nos deixa ver mais Além.Até Cristo clamou na Cruz:" Meu Deus,porque me abandonaste ? A grande sabedoria é sempre a da Inocência.E nós não sabemos a totalidade de quem somos.Enorme mistério está reflectido nos olhitos negros e alegres desse menino...António
Preto
Éramos assim pequeninos, como o David (e a Preta)e o nosso gato chamava-se Preto.
Preto brilhante, elegante, felino ágil e amigo.
Seguia-nos para todo o lado, mas sedento de liberdade desaparecia e era preciso chamá-lo, pelo jardim fora aos berros, como só as crianças sabem fazer!
Um dia surgiu por cima do muro dos vizinhos, recém chegados de África, uma cabeça simpática e igualmente escura que respondeu: "Meninas?"
Explicámos que Preto era o nosso gato e envergonhadas pedimos desculpa pela confusão! O jovem, ignorando direitos ou mais realista do que nós, respondeu que Pretos eram os dois, ele e o gato.
Ganhámos um amigo entre os muros de pedra e um aliado na busca do gato perfeito.
Manuela Baptista
Estoril, 6 de Janeiro 2009
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