7h 30min., levantei-me.
Fui abrir a porta do quarto do David, como se ele me tivesse chamado.
Como, tantas vezes, aconteceu. Eu levantar-me, ao mais pequeno barulho.
Estava vazio.
Fora o acordar do meu neto, pelo intercomunicador.
E desci.
Passaram quase 21 meses e foi ontem, há bocadinho...
O coração a apertar-se.
Outra realidade por detrás desta realidade.
..................
Khi Wu Lun
Construí um palácio em que cada quarto
tem um jardim
corredores que talvez não tenham
fim e salas que a água
refresca, em canos de jade. Foi
a mais doce forma do desespero.
Kao Wan tocava o seu alaúde, antes
de as dúvidas e o cansaço
apodrecerem as maçãs. Sentei-me
no chão, observando o pó nas gretas
dos dedos dos pés. Pó de vários
caminhos, lama e a marca
dos dentes dos cães. Pó de estar
à espera mais do que andar;
de nunca saber quando serei
sonho e quando borboleta
e quando voarei ao acordar.
José Alberto Oliveira
8 comentários:
"Outra realidade por detrás desta realidade" ou outra realidade à frente desta realidade ?...
ANTÓNIO
Desculpe-me,
A realidade é feita de muitas realidades que a antecedem e precedem e todas elas marcam o momento que passa.
O momento que passa, esse, também pode determinar não tanto as realidades que o antecedem mas as que o precedem.
Uma vez mais, desculpe-me
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Julho de 2009
Estimado Jaime:
Grato pela sua achega.Também creio que existirá outra realidade mais ampla do que a imediatamente visível,embora,para cada um de nós,a realidade ou as realidades são sempre exclusivamente medidas pelos critérios de aferição de cada um de nós.A Realidade da Dor de uma Mãe,perante a ausência do seu amado filho,toca-me e comove-me...
História Para Acordar os Meninos
“Realmente!”, disse o Coelho olhando para o relógio pelo centésima vez.”Estou atrasado, mais do que atrasado! Já perdi o rasto da Alice e ainda aqui estou à procura da Realidade Perfeita!”
“Da Realidade Perfeita?!”, repetiu o Dez de Copas para os seus dez corações, que por sua vez repetiram: “ Realidade Perfeita?!”
O Coelho fez uma brusca travagem e exclamou: “Aqui há eco?”
“Não, aqui há carta!”, respondeu o Dez de Copas.
“Fugiste do baralho?”, perguntou o Coelho.
“Não, fugi da Lagarta que me queria comer. Com este calor as alfaces murcharam e aquela glutona não se importava nada de comer papel, apesar de essa não ser de todo a realidade de uma lagarta...” acrescentou o Dez de Copas.
“Ora! Andar atrasado também não é propriamente a realidade de um coelho, seria bem melhor roer cenouras, mas é um facto que não fui eu que escrevi esta história!” exclamou o Coelho.
Então o Coelho contou à carta da sua busca pela Realidade Perfeita e da importância em a encontrar, para equilibrar os mundos, para que as personagens das histórias não se misturassem, para que os meninos crescessem devagar e sem sobressaltos, como a Alice que ora estava gigante, ora estava pequenina, ora lhe crescia o pescoço, ora lhe batia o queixo no pé!
“E se não és tu que estás atrás da Realidade? Se for ela que anda atrás de ti? E se não existir uma Realidade Perfeita mas muitas?”, perguntou o Dez de Copas.
O Coelho calou-se e pensou: “Agora é que não vale a pena ter pressa, mais valia beber um chá.”
O Dez de Copas, sensibilizado com a tristeza do Coelho, propôs-lhe que enviassem os seus dez pequenos Corações para que procurassem por todos os reinos, por todos os mundos, dentro e fora dos oceanos, nas páginas dos livros, nos poços, nos buracos das fechaduras, nas gretas dos dedos dos pés, pela frente e por detrás dos espelhos.
E os Dez Corações partiram ansiosos, confusos e emocionados.
Ainda não regressaram.
Manuela Baptista
Estoril,6 de Junho 2009
P.S.:Os personagens desta história visitaram hoje a Casa da Isabel, vindos da realidade de Lewis Carroll
ANTÓNIO
A quem o diz ...!
E sei porque o diz e acompanho-o, temos acompanhado a Isabel e minha mulher também, agora com Alice e Lewis Caroll, com ela própria mostrando que tudo, e pese embora a dor indescritível que a assola, tem de ser melhor ...
Não posso ter com Isabel Venâncio outro que não seja um discurso positivo e por maior que seja o Seu sofrimento.
Que legado deixaremos aos vindouros, não se esqueça de que também sou pai e gosto muito de meu filho, se não o exercitarmos sem desfalecer!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Julho de 2009
ANTÓNIO
Desculpe-me uma vez mais.
Utilizou a palavra aferição e medida para se referir às realidades de cada qual.
Ora se as medimos e aferimos, fazemo-lo em relação a quê?
Suponho que, em relação às realidades dos Outros pelo que medindo e aferindo, nessa interacção em que, a nós próprios nos construímos e por mais trágicos que os nossos contextos o sejam, criamos a nossa própria realidade em relação, em relação com o Outro.
Por isso também eu persistir numa atitude positiva com a nossa Amiga comum e dela não abdicar evitando, contudo, qualquer paternalismo ou arrogância ...
Nem tal seria legítimo!
Um abraço e desculpe-me os meus preciosismos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Julho de 2009
Estimado Jaime
A Dor da Isabel Venâncio merece certamente mais do que os comentários entre comentadores.abraço amigo
ANTÓNIO
Meu Caro,
E os comentários dos comentadores são a maneira que estes têm de ajudar.
Mesmo sendo entre eles já que se não se deixarem tocar uns pelos outros, dificilmente também ajudarão a Isabel!
Não lhes deve ser assacada qualquer menoridade nem as dores se medem nos pratos de uma balança!
Um Abraço, Seu
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Julho de 2009
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