Julho 2009.
Julho de 2007.
Rupturas.
Não baixar os braços apesar de os sentirmos mais presos pela crueza da inevitabilidade.
O coração mais perto da boca.
Um castelo, construído de esperança, prestes a desabar.
Ainda não; ainda é cedo.
Só mais um pouco, aqui, ou em qualquer lugar.
Mãos estendidas a um tempo que corre.
E corre e corre...
E a areia do tempo a escorrer por entre os dedos.
E o coração, líquido vermelho, no meio de tanta dor.
Os olhos transparentes; duas crateras negras dum vulcão antigo.
Só um pouco de tempo; é o que peço.
Mas não! Tempo ... já não há.
Já não houve. Colhemo-lo todo, lentamente, sedentos, no côncavo das mãos.
Não há.
Esgotou-se ... esgotámo-nos a persegui-lo.
Parou num dia azul e quente.
Passou ... e eu fiquei, nesta estranheza que sou eu própria, dividida em dois, num tempo que não sei contar.
Dia de anos, 27 de Julho...
54 anos?
Ou apenas 2, de uma vida desgarrada do tempo?
Tu, 29!
Quem sou?
Se o tempo de mim tanto levou?
E apagou memórias doces...
Queria portas e janelas fechadas. Silenciar as vozes.
Que o céu escurecesse e fosse amanhã.
Novo dia igual aos outros, despido de emoções.
Ficar aqui, nesta casa sem portas nem janelas.
Sem ecos de fora
Distante de mim.
Tendo por companhia quem me escuta no silêncio.
Julho de 2007.
Rupturas.
Não baixar os braços apesar de os sentirmos mais presos pela crueza da inevitabilidade.
O coração mais perto da boca.
Um castelo, construído de esperança, prestes a desabar.
Ainda não; ainda é cedo.
Só mais um pouco, aqui, ou em qualquer lugar.
Mãos estendidas a um tempo que corre.
E corre e corre...
E a areia do tempo a escorrer por entre os dedos.
E o coração, líquido vermelho, no meio de tanta dor.
Os olhos transparentes; duas crateras negras dum vulcão antigo.
Só um pouco de tempo; é o que peço.
Mas não! Tempo ... já não há.
Já não houve. Colhemo-lo todo, lentamente, sedentos, no côncavo das mãos.
Não há.
Esgotou-se ... esgotámo-nos a persegui-lo.
Parou num dia azul e quente.
Passou ... e eu fiquei, nesta estranheza que sou eu própria, dividida em dois, num tempo que não sei contar.
Dia de anos, 27 de Julho...
54 anos?
Ou apenas 2, de uma vida desgarrada do tempo?
Tu, 29!
Quem sou?
Se o tempo de mim tanto levou?
E apagou memórias doces...
Queria portas e janelas fechadas. Silenciar as vozes.
Que o céu escurecesse e fosse amanhã.
Novo dia igual aos outros, despido de emoções.
Ficar aqui, nesta casa sem portas nem janelas.
Sem ecos de fora
Distante de mim.
Tendo por companhia quem me escuta no silêncio.
Oferta de um aniversário longínquo
Eãm Lebasi (Mãe Isabel)
Nunca tive jeito para frases poéticas,
não domino o estilo,
nem a rima,
nem o verso,
nem o falar do amor,
da alegria, da injustiça ou guerras.
Mas sinto.
Eu sou assim
sem jeito para escrever.
Penso e repenso.
Mas escrever...
Nada.
A mente fica bloqueada
e a mão paralisada.
David
Você não me ensinou a te esquecer
3 comentários:
EU SOU
Eu sou um eco que te escuta no silêncio
um eco que não dizendo o que tu dizes
não te desdiz mas rediz
rediz aniversariante e escrevo a giz
puroso como o calcário
que leves contigo o sudário
de teu filho
com o sumário
que aqui plantas
qual berçário
e que aceites de mim
este meu sim
abraço amigo sem ter fim
-
( cinquenta e quatro anos é uma bonita mão cheia de tudo e de nada, noves fora nada e tudo para recomeçar )
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Julho de 2009
Recado
Às vezes sinto-me o ladrão que entra aqui nesta casa, delicadamente sem querer agitar nada, silenciosamente para não acordar os que repousam, se repousar puderem, se acordar quizerem.
Outras vezes sou o convidado que fala, mas quer estar calado, tentando inventar um sonho que ainda não tenha sido sonhado, fulminando a tristeza em milhões de átomos, porque não se pode viver continuadamente a desconstruir e afinal há sempre um lugar vazio na mesa.
E assim Isabel, eu não posso fingir que não gosto de a conhecer, não posso fingir que gostaria que não celebrasse o seu aniversário, até porque sei de alguém pequenino que deve adorar soprar as velas e também sei de alguém bem maior que afirmava não dominar o falar do amor e que a gostaria de convidar hoje para dançar.
Por isso agarre no Manel e com o David no coração, dance a mais louca dança de ecos, vozes, prantos, mas que seja forte e espante os medos.
Desculpe lá Isabel ter feito tanto barulho.
Um grande abraço
Manuela Baptista
Minha querida
Não pode deixar de "festejar" o seu aniversário.
É mãe e sabe o que vale cada ano que um filho comemora. A sua mãe, o seu pai...contam.
O seu filho Sérgio conta os anos dele pelos seus; não é verdade?
E o seu neto contará os dele, por si e pelos pais...
É assim que as gerações se sucedem.
Na sua vida, houve uma terrível tragédia.
Percebo-a e compreendo.
Se não existisse, Isabel, não teria existido o David... Apesar de tudo, esse filho perdido teve um percurso de vida luminoso que iluminou a vida de muitos amigos e dos que, só o conhecendo através de si e deste seu blog tão invulgar quanto intimista, o admiram pelas múltiplas facetas que aqui vão surgindo.
É através de si que o David continua a revelar-se.
É através de si que se revelam, de forma tão interessante e multifacetada (M.M., António, Jaime, Manuela) outros que a lêem.
Por muito que a dor pese e a vontade de viver abrande...
Admiro-a muito, pela coragem e pela resistência ao desânimo que detecto na sua outra casa Pintada de Fresco.
Um abraço
João
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