14 fevereiro 2009

fios



Costuma ser quase à noite, na hora do lusco-fusco, que me sinto agoniada, encarcerada na dor.
È um mal-estar que me põe trémula e ansiosa, sem que nada aconteça de diferente do que, todos os dias, acontece acontecer – que a saudade aumenta, que revejo dias, sítios, conversas…
Sei claramente que é o meu corpo a arrepiar-se do medo por que já passou e reconhece de memória.
Na garganta forma-se uma bola; a boca seca.
Sou, então, um animal enjaulado e que sabe que não há saída.
Só lhe resta render-se.
Porque é assim; enquanto tiver que ser.
Os fios de que se tecem as minhas recordações, apesar de emaranhados, entrelaçam-se no tempo e na memória e sempre me levam a um ponto ou outro dos nossos 18 meses.
O tempo onde parei.

3 comentários:

Anónimo disse...

TEIA


O tempo onde paraste
É uma teia
Lugar onde David
Com sua veia
Não te quereria ver
Sem o saber

Ou se por saber sentindo
Mas à tua frente o fingindo
Alegrar-te-ía se podesse
Trocar as voltas ao tempo
Que padesse

É o emarenhado que ficou
Do que tendo partido
Te animou
Mas que por ter ficado
Se aninhou
Encarcerado qual bola no teu estrado

Enjaulada a dor
Arrepiado
Caminho que se avança
Volta ao estado
Onde tivera de ser
Amor prostrado


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Fevereiro de 2009

Anónimo disse...

O Tempo e o vento

Sem tempo e sem vento os papagaios estrelas de papel não voam.

São frágeis, pois a seda está na sua origem e natureza e os fios que os prendem têm de ser sabiamente manuseados.

Manuela Baptista
Estoril, 13 de Fevereiro 2009

paula machado disse...

Olá Isabel

é só o tempo...
passei para lhe desejar um bom domingo

beijinhos do tamanho do Mundo