Ontem...
Foi apenas mais um dia, neste tempo extenso, nos locais, por onde passo e que, ainda, estranho.
Nas conversas que sinto não me serem dirigidas.
Ou são e eu é que as não entendo
Ontem passou.
Um dia 18, como os que já passaram, sem que eu perceba como passam; se são muitos ou se são poucos.
O meu tempo, a cada dia 18, já não se mede em dias, nem pôr ou nascer do sol.
Mede-se em peso de saudade, em medos, que se vão acumulando no lugar do coração, naquele lugar que tinha um dono.
Não ficou vago, com a tua ausência, David.
Era teu e será sempre, tal como outros são de outros donos.
Mas o teu pesa mais, sente-se mais e tem trancas na porta.
Só eu lá entro e de lá saio, de mansinho, sem incomodar os donos das portas ao lado.
Cada dia ou cada mês, lá deixo mais uma pedrinha rolada pelo mar de Moledo ou mais um cravo vermelho.
Porque há coisas que não podem acontecer às mães...
Nem mil amigos, nem dez outros filhos e outros tantos netos, em toda a vida, curta ou longa, que eu viva, conseguirão afastar-me de ti, daquela tua mão, do teu corpo esguio e cara franzina (quase de criança), quando adormeceste e eu, ao lado, senti que terminara.
Foi apenas mais um dia, neste tempo extenso, nos locais, por onde passo e que, ainda, estranho.
Nas conversas que sinto não me serem dirigidas.
Ou são e eu é que as não entendo
Ontem passou.
Um dia 18, como os que já passaram, sem que eu perceba como passam; se são muitos ou se são poucos.
O meu tempo, a cada dia 18, já não se mede em dias, nem pôr ou nascer do sol.
Mede-se em peso de saudade, em medos, que se vão acumulando no lugar do coração, naquele lugar que tinha um dono.
Não ficou vago, com a tua ausência, David.
Era teu e será sempre, tal como outros são de outros donos.
Mas o teu pesa mais, sente-se mais e tem trancas na porta.
Só eu lá entro e de lá saio, de mansinho, sem incomodar os donos das portas ao lado.
Cada dia ou cada mês, lá deixo mais uma pedrinha rolada pelo mar de Moledo ou mais um cravo vermelho.
Porque há coisas que não podem acontecer às mães...
Nem mil amigos, nem dez outros filhos e outros tantos netos, em toda a vida, curta ou longa, que eu viva, conseguirão afastar-me de ti, daquela tua mão, do teu corpo esguio e cara franzina (quase de criança), quando adormeceste e eu, ao lado, senti que terminara.
Nem sempre o corpo se parece com um bosque,
nem sempre o sol atravessa o vidro,
Ou um melro canta na neve.
Há um modo de olhar vindo do deserto,
mirrado sopro de folhas,
de lábios, digo.
Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra
2 comentários:
O MEU TEMPO
O meu tempo
Já não se mede em dias
Mede-se nos dezoitos
Que são um
Eu que me tenho por nenhum
Oitos que são todo o infinito
Um
Que se se parece com bosque
Das altas ramagens o fito
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Fevereiro de 2009
Exausta fujo as arenas do puro intolerável
Os deuses da destruição sentaram-se ao meu lado
A cidade onde habito é rica de desastres
Embora exista a praia lisa que sonhei
Sophia de Mello Breyner Andersen
1 beijo.
Nini
Enviar um comentário