As saudades levam-me sempre às caixinhas do David, que abro muitas vezes.
Às vezes, penso que poderia colocar aqui tudo o que tenho de poemas, letras de canções, programas de Jazz, sugestões de boa música, opiniões enviadas para o jornal, contos e charadas...
A cabeça dele fervilhava continuamente.
Acho que foi essa característica que o ajudou a aguentar a doença, sempre um passo à frente dela...
Ele é que me ajudava a mim.
Falta-me a ajuda dele, aqui e agora e para sempre.
E acho que vale a pena guardar aqui coisas dele.
Algumas são muito simples, ternas e infantis; para o grande e corajoso homem que se revelou.
Brincadeiras do David, para que conheçam outras facetas dele.
"A Evolução Humana "
É interessante estudar a evolução humana, mas o ser humano é demasiado complexo, para generalizarmos tanto. É possível portanto, demarcarmos pequenas evoluções especificas relativas à constituição física e psíquica do ser humano.
Dentro da evolução humana, podemos focar a: evolução do estômago, a evolução das opiniões sobre o Benfica, a evolução do matrimónio e a posição perante este, mas neste curto ensaio vamo-nos concentrar na evolução da sexualidade humana. Haverá um curto intervalo nesta apresentação, para ir à casa de banho, e depois retomaremos.
Este fenómeno já foi estudado por psicólogos extremamente importantes como foi o caso de Sigmund Freud, nos intervalos dos seus estudos sobre sexo. No entanto, o estudo efectuado por estes psicólogos é demasiado cientifico e pouco baseado em questões práticas da vida real na sociedade. São estes pontos que nós pretendemos acrescentar aos estudos dos grandes mestres.
Tudo começa como acaba e vice-versa. Na nossa infância, os nossos desejos sexuais são realizados pelas mães, com o seu trabalho como mães, como é óbvio. Tudo acaba como começa, porque o homem adulto, quando deixa a mãe, procura uma mulher que se assemelhe a esta, e que a substitua nas suas obrigações, ou seja, o homem nunca deixa de ser criança.
Nos anos seguintes, as coisas tornam-se bastante diferentes. Nesta nova fase do fim da infância, os desejos sexuais são realizados aquando das festas de anos das amigas. As Barbies das meninas imberbes, fazem as delicias da rapaziada. Esta boneca, com mais de cinquenta anos, torna-se a mulher dos sonhos dos pequenos meninos. Não fala e foi feita exactamente com o objectivo de se lhe poder trocar a roupa sempre que desejado. Na nossa opinião, a invenção da Barbie foi a primeira afronta à única mas famosa criação de esposa de Deus. Esta invenção é muitas vezes designada através da expressão: "Hoje não, estou com dores de cabeça".
Chegados à adolescência, fase na qual está incluído o inicio da puberdade, as condições favoráveis à evolução são inacreditáveis. A avalanche de informação, relacionada com a sexualidade é brutal. A pressão exercida sobre o jovem para o motivar a dar inicio à sua actividade sexual dá-se dentro e fora de casa. Fora de casa, o jovem é provocado pelas conversas com os amigos, que nem sempre são sobre futebol. Por sua vez, em casa a pressão é mais discreta, mas ainda assim eficaz. Quem é que nunca foi vítima da famosa pergunta familiar: "Quando é que arranjas uma namorada?", que se desdobra em diferentes formas como esta: "Não estará na altura de arranjares um namorico?". Só é necessário estar atento.
A pressão é de tal forma grande que já se soube de casos de pessoas que tiveram problemas em cinemas e casa de espectáculos por só terem comprado um bilhete.
Na fase seguinte, que é a do jovem-adulto, as relações amorosas tornam-se finalmente reais e sérias. Uma relação amorosa é como um avião com dois grandes motores: um deles é o sentido de humor e ... não divulgaremos mais.
É a fase mais gira desta evolução; parece que nascemos outra vez. Andamos todos a sonhar, pois a nossa posição em relação ao casamento é extremamente positiva.
Quando acordamos deste longo sonho, já estamos na fase seguinte desta evolução, a última. Nesta fase, a zona erógena é o estômago. Quando temos dez anos dizemos: " Olha, Tenho um jogo novo para o meu GameBoy". Aos vinte dizemos: " Olha, conheci hoje uma gaja, meu...". Aos trinta, não dizemos nada porque andamos a sonhar acordados e, finalmente, aos quarenta dizemos: " Olha, descobri um restaurante óptimo, pá!".
Finalmente, o ser humano conclui que o casamento é uma droga da qual não nos conseguimos livrar assim que nos metemos nela.
Desta forma, terminamos o nosso estudo sobre a evolução da sexualidade humana. Caso se interroguem sobre a continuidade desta evolução, depois dos quarenta anos, terão de esperar pela restruturação deste estudo que se intitula: " A Evolução Humana D.V. (depois de viagra)".
Bibliografia
- Revista "Lola" edição de Setembro de 1998
- Revista "PlayBoy" edição de Janeiro de 1996
- Darwin, Charles "A Origem das Espécies "
- Diário da República, edição de Abril
Patrocínios
- Preservativos Durex
- Revista Máxima
- Desodorizantes Axe
Agradecimentos
Infantário "O Coelhinho Branco"
Secção de Lingerie dos Hipermercados Continente
Loja de Animais "O Macaquito"
à minha professora da primária
Triffene 200
Ministério das Obras Públicas
Tropicana Motéis.
David Sobral
3 comentários:
A EVOLUÇÃO HUMANA DEPOIS DE VÉNUS
É só para te dizer, meu caro David, que depois dos quarenta, depois de Vénus ( D.V. ), o Viagra não é uma fatalidade, vindo deste modo facilitar-te a reestruturação do teu estudo, sublinhando, afinal, que desde sempre, A.V. ou D.V., o sexo está, antes de mais, na cabeça.
No interessantíssimo percurso que descreves o drama consiste porém e muitas vezes, em saber antes onde é que, afinal, ou depois está a cabeça e disso, nem o Viagra e muito menos Vénus têm a culpa!
E a cabeça foge-nos pela vida fora, sorrateira, dos pés para o estômago, deste para o casamento, da cabeça propriamente dita para as mais variadas dependências, elas também mais ou menos tóxicas e passando pelo viagra, evidentemente, ou pelas Barbies tão só numa profusão de meandros nos quais, às tantas, não se consegue destrinçar mais nada se não a vontade incontinente de ir à casa de banho.
Mas, que o sexo está na cabeça, está!
Este teu tio, perdoa-me mas é deformação estorilense (!), antes amigo que já ultrapassou os cinquenta, vê-me lá a requisse, continua a achar que sim, que é na cabeça que ele está e quando disso perdemos a noção, a miríade de cabecinhas que temos espalhadas por todo o corpo, então sim, tomam-nos de assalto como tiranetes obcessivos.
Essas tiranias, se é certo, se se podem descrever linearmente como o fazes na cronologia que teces, muitas vezes subvertem essa ordem e invertem A.V. com D.V. numa caótica sem fim.
Meninice, infância, adolescência, idades adultas porque as há muitas e por aí fora, se nesse percurso e onde quer que vás, se perdes a cabeça, não há cabeça que percas que não fique com comichão ...!
E aí, nesse turbilhão, ai de ti se não souberes como as coçar!
Bibliografia:
A Autobiografia
Patrocínios:
A Casa da Venância
Agradecimentos:
A David Sobral
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Fevereiro de 2009
"Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo..."
Rui Veloso
in "Não queiras saber de mim"
álbum A Espuma das canções
A propósito de um telefonema :)
1 beijinho.
Nini
Caixinha de Música
Tenho pedaços de mim
guardados em muitas caixas
redondas, quadradas, ovais
de tantas formas e cores.
Umas cheias de emoção
outras de projectos sem fim
de histórias, de ironia
de inteligência mordaz
de ternuras, de poesia
de músicas e fantasia.
Às vezes limpo-lhes o pó
alinho-as pelo tom
e sinto-as bem dispostas.
De uma salta um coelho
de outra um realejo
e da mais pequena de todas
um sorriso e um desejo.
Manuela Baptista
Estoril,10 de Fevereiro 2009
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