21 novembro 2011

Mais novembro

Tenho saudades de novembro, apesar de, já então, estares doente.
Mas nunca, ou quase nunca, a doença te impediu de perseguires e concretizares os sonhos musicais e luminosos que tinhas.
Eram sonhos mágicos, em que eu e o Manel nos embalávamos para  seguir contigo, até onde a tua paixão pelo palco iluminado e pela música nos levasse.
Levou-nos a tantos, tantos concertos da Maria João, do Mário Laginha, do Bernardo Sassetti, do Drumming (com os sons do Zeca Afonso), do Remix Ensemble, ...
Agora, são também tu!
Tantos locais diferentes e tantos cine-teatros, tantos auditórios percorridos, através de ti ...
E tu e os teus desenhos de luz, na tua secretária.
Os teus rabiscos mágicos.
E eu, na secretária em frente, a espreitar-te pelo cantinho do olho.
Para que não visses a sombra cá dentro.

Tantos espectáculos ... tanta luz ... tanta força a tua .... tanta alegria misturada com a dor de te saberes num combate desigual.
E sempre, sempre, a tua insuspeita coragem e força sobre-humana para continuares a percorrer os caminhos pouco nítidos da doença que te ia dobrando e que tu, cada vez com mais cansaço físico ... mas com vontade férrea de te superares a ti próprio, ignoravas.
E todos (os dois, os quatro, os cinco) te seguíamos, nessa estrada, nesse desígnio que era ... foi, afinal, também, o nosso.

E este fim de semana, com os amigos do costume, passei pelo teatro de Tomar, pelo de Santarém ... que me saltaram aos olhos, sem que os visse.
Ou procurasse.
É sempre assim.
Misturam-se contigo, com a  tua luz, com o mês de Novembro ...
O primeiro sem ti.






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