Eu que me rodeio de palavras
que vivo pela palavra
e em palavras transformo a minha vida.
Eu que faço com que os meus dias não passem de palavras vãs
(para que não doam)
mas são
desenterradas a custo do fundo das raízes do meu ventre.
....
Fico assim
Parada
neste tempo verde do chilrear das andorinhas negras
Fico assim, quieta por dentro.
Num permanente fingimento
e engano de mim própria.
Fico assim
nesta revolta muda ...
de não encontrar palavras novas,
com que possa esculpir a minha velha dor.
Sempre renovada.
Sempre pesada e surda.
Se, ao menos, as andorinhas se calassem!
E as tardes verdes não gritassem que Abril és tu!
Roots Raices - Frida Kahlo
Sophia
Sem comentários:
Enviar um comentário