08 dezembro 2010

Contra natura

Pois é!
Se a morte de um filho é contra natura, como se pode esperar que eu viva naturalmente?
Se viver naturalmente é deixar que os dias escorreguem, esperando muito pouco e quase nada pedindo ... talvez eu viva de forma penosamente natural.

Dizem-me "Se tal me acontecesse, enlouquecia! Não aguentava!"
Quem pode assegurar a minha sanidade mental?

"Tenho tanta admiração por ti, Isabel. Como consegues?"
Quem diz que consigo?
Só por andar por aí?
Às vezes, sem perceber o que se está a passar à minha volta ... porque "estou ausente"...

Só eu conheço bem a cor da dor que navega no sangue que me corre nas veias!
...
Escondo-me entre dedilhares de cordas que me fazem lembrar os sons do David.
Fecho os olhos.
Deixo-me escorrer.


http://www.youtube.com/watch?v=0DEKQjj6Ga0

2 comentários:

Branca disse...

Penso que percebo um pouco e deixo-lhe um grande beijinho.
Branca

Anónimo disse...

Também eu a entendo, porque sinto os mesmos sentimentos, pois perdi o meu filho, com 19 anos à 15 anos,beijos e coragem, como disse alguém os filhos não são nossos, são emptrestados, beijos.