Houve o antes e há o depois.
Tudo diferente.
É mesmo assim...
Não sabia, porque nunca pensei nisso.
Nunca se pensa na morte (que virá) de um filho.
Bloqueia-se.
Impossível qualquer reflexão.
Rejeita-se.
Mas, agora, vejo.
Agora, sinto.
E o meu sentir é diferente.
Eu própria me espanto com o meu novo modo de estar.
Sou, de facto, outra pessoa, num corpo semelhante.
Alguém que se reconstruiu com pedaços do passado.
Alguém que se ancorou no que se faz e não no que se diz.
Alguém que não projecta o futuro.
Vive cada dia.
Alguém que se formatou para resistir, ausente, aos outros e às suas pequenas "dores".
Alguém que, onde, antes só encontrava escolhos, vê, agora, que tudo é relativo.
E suspira.
Serão penas imensas resgatadas duma dor pungente?
Valerão a minha inquietação?
Valerão, sequer, que se inquietem os outros por tão pouco?
Sou, mesmo, uma pessoa completamente diferente.
Derrotada.
Muito protegida no seu escudo moldado pela tragédia.
Serei pior? Melhor?
Pior para os outros?
Melhor para mim?
Não sei.
Diferente.
Mais lúcida.
Mais exigente.
Menos disponível.
Mais frontal.
Menos tolerante.
Mais calada.
Menos sociável.
Indiferente, perante "dores" menores deste carrocel que se chama vida.
A minha forma de ver as coisas, ... filtro-a pela "visão do Mundo" do David.
Era o nosso "filósofo de serviço".
E
Aprendi a apreciar a luz e outras cores, para além do preto e do branco.
No palco, nas pessoas, na vida.
Não aprendi conviver com a ausência dele.
Nem a suportar a saudade.
Envoltura
Só quando te apercebes é que te mexes.
Vives desenfreado, numa avidez constante
O que é esta mescla coisa, a que chamamos vida?
Quem está aí para responder sobre isto, que passa de rompante?
Que só nos seus últimos momentos é tão desejada.
Só aí nos apercebemos do quanto desperdiçámos.
Só aí nos lembramos daquela estrela que nunca alcançámos.
E, quando tudo acaba, que será que nos resta?
Será que todo este cansaço ainda presta?
Eu não quero saber...
Até ao dia em que vou ter de conhecer
A razão que nos leva a deixar de viver.
Tudo diferente.
É mesmo assim...
Não sabia, porque nunca pensei nisso.
Nunca se pensa na morte (que virá) de um filho.
Bloqueia-se.
Impossível qualquer reflexão.
Rejeita-se.
Mas, agora, vejo.
Agora, sinto.
E o meu sentir é diferente.
Eu própria me espanto com o meu novo modo de estar.
Sou, de facto, outra pessoa, num corpo semelhante.
Alguém que se reconstruiu com pedaços do passado.
Alguém que se ancorou no que se faz e não no que se diz.
Alguém que não projecta o futuro.
Vive cada dia.
Alguém que se formatou para resistir, ausente, aos outros e às suas pequenas "dores".
Alguém que, onde, antes só encontrava escolhos, vê, agora, que tudo é relativo.
E suspira.
Serão penas imensas resgatadas duma dor pungente?
Valerão a minha inquietação?
Valerão, sequer, que se inquietem os outros por tão pouco?
Sou, mesmo, uma pessoa completamente diferente.
Derrotada.
Muito protegida no seu escudo moldado pela tragédia.
Serei pior? Melhor?
Pior para os outros?
Melhor para mim?
Não sei.
Diferente.
Mais lúcida.
Mais exigente.
Menos disponível.
Mais frontal.
Menos tolerante.
Mais calada.
Menos sociável.
Indiferente, perante "dores" menores deste carrocel que se chama vida.
A minha forma de ver as coisas, ... filtro-a pela "visão do Mundo" do David.
Era o nosso "filósofo de serviço".
E
Aprendi a apreciar a luz e outras cores, para além do preto e do branco.
No palco, nas pessoas, na vida.
Não aprendi conviver com a ausência dele.
Nem a suportar a saudade.
Envoltura
Só quando te apercebes é que te mexes.
Vives desenfreado, numa avidez constante
O que é esta mescla coisa, a que chamamos vida?
Quem está aí para responder sobre isto, que passa de rompante?
Que só nos seus últimos momentos é tão desejada.
Só aí nos apercebemos do quanto desperdiçámos.
Só aí nos lembramos daquela estrela que nunca alcançámos.
E, quando tudo acaba, que será que nos resta?
Será que todo este cansaço ainda presta?
Eu não quero saber...
Até ao dia em que vou ter de conhecer
A razão que nos leva a deixar de viver.
David (1995)