22 março 2009

O David gostava da Primavera




Ontem,
foi o início
da Primavera
Da renovação da natureza
Do florir das minhas árvores
Das noites mais amenas
Do canto dos grilos
De mais estrelas no céu, por cima do meu pátio, em Moledo
Do cheiro a jasmim, junto aos muros
Das bancas de fruta, na berma da estrada
Do cheiro de relva cortada
...........
O David nasceu na Primavera
Na Primavera, o David arregaçava as mangas!
E punha óculos de sol.


Mas, hoje
- porque o meu tempo se fundiu no Tempo -
foi o início de um final triste.
Foi o início de "Não saber o que me espera".



22 de Março de 2006
Resultados dos exames do David.
Envelopes abertos nos meus joelhos.
Estava lá tudo...
Não é possível!
Nova leitura...
Eu, dentro do carro.
Eu, paralisada.
Não há engano???
Eu sem ar.
Eu a conduzir por Gaia...
Sem saber para onde.
Sem saber para onde.
Sem saber com quem falar.
Sem saber com quem falar.

Sem saber o que esperar...



4 comentários:

Anónimo disse...

O NASCIMENTO DA MÚSICA


Espera-te o nascimento da música

Fado d'el Rei

Choro de angústia

É esta a hora dizei

Vencida a meta

Cantei



Espera-te a vida que amei

Que amo

Que te ofertei

Primavera de meus sonhos

Os pesadelos de mãe



Canta que o mal o espantei

Libertou-se

E rezei

Venham cantar o que trouxe

Toda a alegria

Que amei



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Março de 2009

Anónimo disse...

LIBRETO


A dor é como bicho solitário e acossado
Que a tremer enfrenta o próprio medo
Em armadilha de espinhos açoitado
Pressentindo a morte demasiado cedo

Na escuridão húmida de um bosque cerrado
Não vislumbro claridade que sustente
A existência de Deus de Sol ou de Amizade
Que aconchegue ou apenas alimente

E na ausência improvável de caminho
A dor é como caminhar sozinho
Pintura a fresco molhada de palavras

História triste ferida e sofrida
Escandalizando os outros
Como Ópera Proibida


Manuela Baptista
22 de Março de 2009

Anónimo disse...

A MULTIDISCIPLINAR HIPÓTESE DE GAIA


O bater das asas de uma borboleta é um furacão que se abate algures ... num coração despedaçado!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Março de 2009

Anónimo disse...

Olá, Isabel, essa sensação de não saber com quem falar, é das piores sensações que podemos ter. É o muro, é o final. É o saber que por mais que queiramos, estamos sózinhos, pois não há ninguém que possa mudar esse rumo.
Um beijo, percebo-a bem,sinto-a melhor.
MM