Estúdio de Ópera.jpg (Luz-David Sobral)
Sei que não devia ser assim, mas é.
Gostaria de viver naturalmente, como as minhas gatas Valquíria e Jenufa, que deambulam pela casa, adormecem nos sofás, pulam para o meu colo mal me vêem disponível e vivem sem pensar que é necessário viver.
Ou morrer, como a minha gata persa,Tosca, que morreu de velhice, este mês, em Moledo.
Era a gata protegida do David por ser velhota, por sofrer do coração e não dever ser incomodada...
Morreu simplesmente.
Ter-se-ão apercebido das alterações de humor, do silêncio que se foi instalando, aqui em casa?
Dos espaços vazios que sobram?
No ano passado, em Barcelona, sentimos a falta delas; sobretudo o David que gostava de as ter à volta.
Chegámos a pensar que devíamos ter levado uma delas para lá.
Chegámos a pensar tanta coisa!
Chegámos a pensar que arranjaríamos nova gata, também com nome de ópera, para a casa que o David compraria, aqui ao lado.
Tínhamos que fazer projectos, ou afundar-nos-íamos.
Projectos, sempre, até ao último dia.
Muitas vezes, era eu quem começava "Como pensas dar início à venda de espectáculos da tua empresa? Quando começas o desenho de luz?"
Como se tudo estivesse em aberto...
Como se finge bem perante um filho, sem que se faça qualquer esforço. Porque tudo se diz e surge, naturalmente.
(E quando descobrimos que nunca nada está em aberto ou, então, está tudo mas é como se nada estivesse?)
Como não vivo, então, naturalmente?
Vivo ... mas chego, à noite, cansada.
Sorrio, mas sou também lágrimas escondidas, durante o dia.
A isto, chamo o meu viver naturalmente.
Aprende-se com o tempo.
Embora nunca se aprenda.
Naturalmente.
2 comentários:
Mais uma vez, sem palavras. Mas, sempre presente.
Um grande beijinho
Marina
Isabel,
Para este post, também não tenho palavras, mas estou cá...
"Aprende-se com o tempo.
Embora nunca se aprenda."
Um abraço enorme.
Branca
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