15 julho 2009

Dores


Ando um pouco à toa...
É Julho; Julho de 2007; Julho de idas a Paris e Madrid e Barcelona.
Ando um pouco à toa.
Saltito de pensamento para pensamento; de agora para antes.
O meu cunhado veio do Brasil, passar uns dias de férias.
Contou que tinha visto numa das ruas de S. Paulo, uma rua de instrumentos musicais, um "sósia" do David.
O meu cunhado gostava muito do David e esta amizade era, igualmente, retribuída.
O sentido de humor era uma característica que tinham em comum.
Não duvido, portanto, das semelhanças que ele disse ter visto.
Ando tão à toa!
O David gostaria de aproveitar o alojamento do tio, no Brasil.
Adorou o Brasil quando lé foi com o Drumming e disse, muitas vezes, que lá voltaria - a boa música, a boa comida, a boa luz - apesar do calor!
Não tenho dúvidas.
Mas...ando à toa.
Não imagino o que seria eu ver alguém muito parecido com o David.
Não teria o mesmo brilho, ironia e meiguice nos olhos. Disso tenho a certeza.
Mesmo assim ... ficaria triste.
Mais triste.
Mais dorida.
A tristeza é também uma forma de dor.
A saudade é uma manifestação de dor.
Que sinto.
Mas não dói.
Ou dói muito, mas de forma diferente.
Verga-nos também.
Dói mais?
Dói menos?


P.S. Também a propósito, da dor, no blog "A música das palavras", do Jaime.
A quem desejo melhoras.


Dores
"Até o fim" de Chico Buarque

3 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

ISABEL VENÂNCIO


Querida Amiga,

Como poderia deixar de cá vir outra vez ...!?

Obrigado pelos desejos que me manifesta e oxalá sejam, em breve, satisfeitos.

Um beijinho reconhecido


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Julho de 2009

manuela baptista disse...

Isabel,

Quero-lhe contar que entendo muito bem esses relâmpagos de tempo em que se desenham à nossa frente um rosto, uns olhos, o baloiçar de um cabelo, os gestos de uma mão.
Roubados, emprestados pelos que amamos e nos deixaram e pelos que continuam perto de nós.

Proust conseguiu descrever na perfeição esta sensação desconcertante e que me fascina.
Por isso li os sete volumes de “Em busca do Tempo Perdido” e continuaria a ler, se ele tivesse escrito o dobro. Eu sozinha não sei explicar.

A dor, as dores, a saudade, a tristeza, andando à toa como os relâmpagos do tempo, que umas vezes nos baloiçam, outras nos fulminam com a meiguice de um olhar.

E aqui, longe do Brasil que também amo e onde tenho amigos, recordo o cheiro de uma salada de aipim, levanto o meu copo de cachaça pura e brindo ao seu filho, Menino de muitos rios.
Às vezes, é bom ter a cabeça a andar à roda.

Um abraço,

Manuela Baptista

Estoril, 18 de Julho 2009

Isabel Venâncio disse...

Manuela

Muito obrigada pelo brinde ao David e pela maneira bonita e sensível com que sempre escreve.
No dia 18, 21 meses ...

Um beijo
Isabel Venâncio