13 março 2015

Fugas e retornos

Regresso aos recantos sombrios
Da casa, do sótão, da escada
A luminosidade dos dias só adivinhada

Desbravo a tua escrita distorcida pela água
Em diários inchados que foram
Ressequidos, agora, pelo sol intenso de agosto

Tateio uma letra, encosto-a à vidraça, contra o dia
Vejo-a desconforme dos teus sonhos
Que perduravam na escrita
Da tua caligrafia antiga

Expectante, o olhar toldado
Não reagrupa os traços que me esteavam
Para avançar 
Mesmo tropeçando

Tropeçar já seria bom
Pudesse eu seguir flutuando
Nas linhas a negro dos teus papéis

Perdidos



1 comentário:

Branca disse...

Um belísimo espelho da alma, mesmo que triste, muito belo.

Beijos, Isabel