Análise Teatral
Prof. Isabel Alves Costa
"A Hora..."
Já
não sei em que dia fui ver o primeiro espectáculo do Teatro Nacional S. João
sob a direcção do encenador José Wallenstein. Enquanto as pessoas se vão
sentando já o espectáculo decorre em cima do palco.
O
espectáculo começa e começa também o desfile de personagens citadinas. Pessoas:
magras, gordas, altas, baixas, feias, bonitas, etc... A primeira coisa que me
ocorreu foi que se calhar se o espectáculo tivesse sido feito com pessoas mesmo
das ruas e não com actores portuenses e nortenhos conhecidos ... seria melhor.
Lembrei-me também logo de seguida que se calhar a grande parte do público não
conhece tais caras e sou eu que já comecei a conhecer o meio profissional.
Há
uma cortina que passa, "deve ser o tempo a passar..." pensei. Não sei
para que servia a estante com lâmpadas, nem qual o seu significado. As pessoas
vão passando, não há nada de novo, são pessoas normalíssimas. Vê-se o
espectáculo confortavelmente, sem ser necessário decifrar códigos. Somos
guiados pelos nossos olhos, que estão fixados nas pessoas que vão passando à
nossa frente.
O
espectáculo demora muito tempo, mas este passa sem darmos conta. Imagino-me a
mim, fazendo o meu percurso diário casa-escola. Sobretudo o caminho a pé entre
a Batalha e a escola. Mais uma vez penso, não fossem as caras conhecidas e
ter-me-ia libertado mais. "Olha aquela ali! Já não a via há tanto
tempo!", era o que me ocorria de tempos a tempos.
A
música é leve, por vezes até leve demais e pouco sintonizada com o ambiente
mais agreste que sobressai do ambiente da peça. Quando vejo um dos actores
desenrolar uma passadeira azul, na diagonal pelo palco, e seguidamente todos os
outros actores juntarem-se no palco, percebo que estamos próximos do fim, mas
não. A peça continua. Aparecem dois índios ao fundo do palco que não sei bem o que
fazem lá, dizem adeus, apagam-se as luzes e acaba.
Quando
saí, fiquei ainda algum tempo na entrada do teatro. Enquanto via as pessoas a
sair, estas desconhecidas, senti que ainda estava a ver a peça e comecei a
imaginar coisas. A delirar, como eu digo à minha progenitora. Ali no foyer.
Antes
de ver, já ouvira várias criticas sobre este espectáculo, e quase todas
negativas. Eu também fui ver e gostei muito.
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