03 julho 2014

Na proporção inversa da vida

O grito torna-se latente.
O suor.
Se aqui não regresso.
Às feridas abertas.
O amargo acumula-se surdo no mais fundo interior de mim.
E arde.
Se aqui não venho, sarar-me.

Há os outros ... lá fora.

Mas em mim nada mudou.
A saudade transborda, a névoa da ausência adensa-se.
Intensa, não abranda.
Dispersa-se nas entranhas dos meus poros, sedentos de um toque ou de um estender de mão.
Da tua mão.
Ou de um abraço.
A leveza, ainda que sempre passageira, ausentou-se de mim.
Os sonhos, ainda que simples, perderam-se no tempo em que eras.

Pareço diferente? Não sou ...

Mas há os outros ...

Sou a tua mesma mãe dorida e derrotada por uma luta vã.
Ainda em luto, aconchego o fingir, dentro de mim.
Como se natural.
Desdobro-me em duas.
Como se natural.
Fosse o reverso da vida.



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