Depende dos dias, furtivos e solitários.
Gosto dos dias mansos ...
De sossego e SEM repouso.
Que repouso os poderia sossegar?
A ponto de não reconhecer neste campo verde, que se estende à minha frente, o palco de outras cenas.
Ou este vidro a que, outrora, encostava outro rosto e olhava a escuridão, em busca de outros (impossíveis) cenários.
Depende dos dias ...
Não ouço sequer o que me dizem as memórias.
Sei.
Não depende dos dias.
Não volto a voar.
Larguei as asas, debruçada numa varanda, ao pé da Rambla.
Depende dos dias ...
..........................................
Gosto dos dias mansos ...
De sossego e SEM repouso.
Que repouso os poderia sossegar?
A ponto de não reconhecer neste campo verde, que se estende à minha frente, o palco de outras cenas.
Ou este vidro a que, outrora, encostava outro rosto e olhava a escuridão, em busca de outros (impossíveis) cenários.
Depende dos dias ...
Não ouço sequer o que me dizem as memórias.
Sei.
Não depende dos dias.
Não volto a voar.
Larguei as asas, debruçada numa varanda, ao pé da Rambla.
Depende dos dias ...
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Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas, que esperam por nós
E outras frágeis, que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis à boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.
Mário Cesariny
2 comentários:
HÁ PALAVRAS
Há palavras mil
que me acordam do covil
onde me torço e retorço
onde levanto meu torço
minha coberta
e onde o vil
por mais que tente passar
só encontra falta de ar
Há palavras sem til
sem assento
e sem invento
palavras que de vazias
nem choram
das alegrias
Outras há
minhas palavras
arrancadas pelo vento
são as palavras que fio
palavras meu alimento
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Janeiro de 2010
Vim estar um pouco convosco e
que bom escreveu mais um pouco.
FORÇA.Beijinho/Irene
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