Nunca, como agora, senti tanto a existência sufocante do tempo.
Antes, era a apenas sensação
- da falta de tempo para sentir o tempo
- do tempo que passava por mim sem que eu passasse bem o tempo
- do tempo que tudo arrastava menos a memória de ter havido um tempo em que repetia "agora, não tenho tempo..."
Diz-se que o tempo é bom, quando vivemos momentos felizes e tudo nos corre mais ou menos de feição. Queremos, então, que o tempo passe lento e preguiçoso.
Quando os dias são tristes e a solidão nos pesa, queremos que o tempo acelere e voe.
Mas que fazer quando se quer que o tempo avance e recue, em simultâneo?
A confusão instala-se.
Então, dou por mim. Mas não me reconheço. Flutuo na indefinição. Sem pontos cardeais ou tempo que me orientem. Sem eles, eu sou apenas e nada mais que emoção.
Os espaços temporais não se misturam; do espaço exterior tenho completa noção.
Mas, cá dentro, continuo vagabunda, entre cravos e cardos, qual "cavaleiro andante" que marcha ao ritmo do matraquear do coração.
Isabel
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