31 dezembro 2015

David ou uma outra forma de dizer adeus ao ano que finda



Neste dia incerto, entre o choro e o riso
Entre o já não ser eu e o ainda não ser outra
Neste tempo certo das palavras mudas
Ponte suspensa de um ponteiro de relógio
Vejo nas copas das árvores despidas de lágrimas
Uma sombra imóvel
Que desenha um gesto urgente de silêncio e de doçura
E me arrebata da vertigem da saudade ou da descoloração dos dias
Para a ondulação do mar onde flutuas
Dentro da minha mente
Ou por dentro das estrelas








06 dezembro 2015

Repetindo, repetindo, repetindo ...


Aqui regresso, à casa do silêncio.
Arremessada pela lava do vulcão da dor.
Pela incapacidade de te resgatar da juventude perdida no mar.

Cá no fundo me encolho.
Ou escondo.
No escuro e na lama me revolvo em ondas de raiva.
Ensimesmada, protejo-me de olhares alheios.
Se ando bem?

Ando bem.
Embora não chame a isto viver.
Antes sobreviver, dentro de um coração desassossegado.
Perdida sempre na ilusão de te sentir tão perto.
Ainda.

Aprende-se a parecer feliz com bem pouco.
Na modéstia dos desejos.