19 novembro 2014

Tu ...














Análise Teatral
Prof. Isabel Alves Costa

"A Hora..."

            Já não sei em que dia fui ver o primeiro espectáculo do Teatro Nacional S. João sob a direcção do encenador José Wallenstein. Enquanto as pessoas se vão sentando já o espectáculo decorre em cima do palco.
            O espectáculo começa e começa também o desfile de personagens citadinas. Pessoas: magras, gordas, altas, baixas, feias, bonitas, etc... A primeira coisa que me ocorreu foi que se calhar se o espectáculo tivesse sido feito com pessoas mesmo das ruas e não com actores portuenses e nortenhos conhecidos ... seria melhor. Lembrei-me também logo de seguida que se calhar a grande parte do público não conhece tais caras e sou eu que já comecei a conhecer o meio profissional.
            Há uma cortina que passa, "deve ser o tempo a passar..." pensei. Não sei para que servia a estante com lâmpadas, nem qual o seu significado. As pessoas vão passando, não há nada de novo, são pessoas normalíssimas. Vê-se o espectáculo confortavelmente, sem ser necessário decifrar códigos. Somos guiados pelos nossos olhos, que estão fixados nas pessoas que vão passando à nossa frente.
            O espectáculo demora muito tempo, mas este passa sem darmos conta. Imagino-me a mim, fazendo o meu percurso diário casa-escola. Sobretudo o caminho a pé entre a Batalha e a escola. Mais uma vez penso, não fossem as caras conhecidas e ter-me-ia libertado mais. "Olha aquela ali! Já não a via há tanto tempo!", era o que me ocorria de tempos a tempos.
            A música é leve, por vezes até leve demais e pouco sintonizada com o ambiente mais agreste que sobressai do ambiente da peça. Quando vejo um dos actores desenrolar uma passadeira azul, na diagonal pelo palco, e seguidamente todos os outros actores juntarem-se no palco, percebo que estamos próximos do fim, mas não. A peça continua. Aparecem dois índios ao fundo do palco que não sei bem o que fazem lá, dizem adeus, apagam-se as luzes e acaba.
            Quando saí, fiquei ainda algum tempo na entrada do teatro. Enquanto via as pessoas a sair, estas desconhecidas, senti que ainda estava a ver a peça e comecei a imaginar coisas. A delirar, como eu digo à minha progenitora. Ali no foyer.
            Antes de ver, já ouvira várias criticas sobre este espectáculo, e quase todas negativas. Eu também fui ver e gostei muito.