03 dezembro 2021

Percurso de memória





Moledo, ainda agora.
Até ao virar da esquina
O sol, lá atrás, a adormecer no mar.
Pudera, ali, um dia, a cabeça repousar!

Regresso 
Chamo-lhe, sempre, regresso
De ti, como se foras ninho,
Afogada em lembranças 
De tempo entre pinhais e chilreios
De crianças

Porque tu ficas
Agora, ficas sempre
Sou eu quem parte
E com o olhar digo adeus
À quieta imensidão da água
Que te guarda

Contínuos regressos 
Vão-se acumulando
Na memória escurecida
Tão saudosa e gasta.
Montes verdes e castanhos serpenteiam na estrada
A mesma
Mas tão diferente a vejo.

Mais longe, já no fundo de mim 
Eólicas gigantes, as pás cansadas,
De batalhas e farrapos
Onde me acena
O teu sorriso ainda ...
Mas tão distante!

Que sonhos perseguirá D. Quixote?
Se eu, Sancho Pança, deixei de sonhar.

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