O Porto, a tua cidade
Os palcos vazios ...
Porque lá não vou
O silêncio das ruas
Que percorro inertees
Porque não as vejo pelos teus olhos
De luz
O silêncio da casa, pela manhã
Porque a tua música se apagou
E os sons que escolho não falam de ti
E são pilhas e pilhas de sons
Quietos nas prateleiras
Que não ouço
Porque soam à ausência
Cada vez mais lenta
Mais pesada
Irreversível
Certa
E são poemas, são papéis
São registos de palco
Desenhos de luz
De acertos finais
Quem entra quem sai
Quem se coloca debaixo daquele foco
É a tua letra
As tuas agendas de mil projectos
Roupas ... o teu cheiro
Um cinto
A tua carteira
Um clarinete adormecido
A primeira guitarra
Em que não toco
Sem que o coração se sinta
Novamente perdido.
Partido.
Porque não me convenço!
Pior
Quando me dizem
- Tens de deixar o David morrer!
Não respondo
Mas as lágrimas gritam
- Não posso. Não sei como. Não quero. É cedo.
Algum dia será? Porquê? Tenho de me envergonhar da dor? Não posso gritar a saudade?
Sinto-me mais só sem as palavras com que falo de ti.
Não temam ... os que me querem bem. Sou duas ... cada qual com seu desígnio ... !
O coração é grande, não pára de bater por ninguém.
............
Despediste-te, numa noite, hoje
Numa hora, esta
Na tua maneira doce
Invulgar
Braços e mãos estendidos para mim
"Mamã, vamos dançar?"
A noite logo te levou
O sono cedo te embalou
"Sim, meu filho vamos dançar."
Ter-me-ás ouvido?
4 comentários:
Isabel
Um beijinho.
Muitos beijinhos para ti.
Muitos beijinhos Isabel.
Sempre penso em si.
Um beijinho
Irene Alves
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