29 outubro 2012

Obrigada, querida Branca





Hoje, ofereceram-me um ramo de ternura.
As ondas levaram-te o cravo vermelho que a Branca deixou, para ti, no areal de Moledo.
A Branca nunca te encontrou.
Aqui.
A Branca nunca te conheceu.
Aqui.
No entanto, encontrou-te ...
No entanto, conhece-te ...
Através de mim.

"Mamã, vamos dançar?"

Aprendeu a apreciar a tua natureza doce e corajosa.
Que permanece nos corações que cativas ...
E vive no dorso das ondas.





16 outubro 2012

Coração partido ... coração partiu ...

O Porto, a tua cidade
Os palcos vazios ...
Porque lá não vou

O silêncio das ruas
Que percorro inertees
Porque não as vejo pelos teus olhos
De luz

O silêncio da casa, pela manhã
Porque a tua música se apagou
E os sons que escolho não falam de ti

E são pilhas e pilhas de sons
Quietos nas prateleiras
Que não ouço
Porque soam à ausência
Cada vez mais lenta
Mais pesada
Irreversível
Certa

E são poemas, são papéis
São registos de palco
Desenhos de luz
De acertos finais
Quem entra quem sai
Quem se coloca debaixo daquele foco
É a tua letra
As tuas agendas de mil projectos
Roupas ... o teu cheiro
Um cinto
A tua carteira
Um clarinete adormecido
A primeira guitarra
Em que não toco
Sem que o coração se sinta
Novamente perdido.
Partido.

Porque não me convenço!
Pior
Quando me dizem
- Tens de deixar o David morrer!
Não respondo
Mas as lágrimas gritam
- Não posso. Não sei como. Não quero. É cedo. 
Algum dia será? Porquê? Tenho de me envergonhar da dor? Não posso gritar a saudade?  
Sinto-me mais só sem as palavras com que falo de ti. 
Não temam ... os que me querem bem. Sou duas ... cada qual com seu desígnio ... ! 
O coração é grande, não pára de bater por ninguém.

............

Despediste-te, numa noite, hoje
Numa hora, esta
Na tua maneira doce
Invulgar
Braços e mãos estendidos para mim
"Mamã, vamos dançar?"

A noite logo te levou
O sono cedo te embalou
"Sim, meu filho vamos dançar."
Ter-me-ás ouvido?








11 outubro 2012


outubro
2012,
 os mesmos dias,
o amanhecer para a angústia e para o medo e o anoitecer para o medo e para o nada,
sobrepõe-se ao outro, 
outubro
2007.
Senti-o, antes de o confirmar.
Estranhei-o porque ainda não acontecera tudo acontecer ou ter acontecido naquele dia do mês - 5 ...6...7...8... 10 ... 11... - coincidindo com o mesmo dia da semana - ... a sexta ... o sábado ... a despedida do mar ... a febre de uma lágrima ... o esperar ...
O mesmo areal de Moledo.
Só a chuva substituindo o sol.
Ou nem isso.
Nem tu.

E não, não se sente da mesma forma!
As horas são mais lentas.
Os sonhos acordam-me porque - na próxima semana ...
A dor aperta mais.
O suor invade os poros.
O equilíbrio torna-se instável, como prédio implodido que deixa uma clareira
O olhar perde-se em busca de algo que diga que não.
Que não vai ser assim, da mesma forma.
Outra vez.
Não o mesmo partir e desligar silencioso...

Mas se já foi.
Se já te foste, David!
Como continuar à procura do -  talvez não?
E resistir sempre, ...

E não incomodar!







07 outubro 2012

Sons que regressam ... e dias que se repetem, passo a passo, dia a dia ...

Os sons do David! 
O circo! 
A luz!
Ou palcos que iluminou!
As palavras das canções!
"É preciso ouvir o que dizem as canções ..."
O jazz!
Com swing!

.....
E eu?
Que faço da saudade?