12 setembro 2010

Silêncio, por favor!


Dói!

Dói a saudade.

Dói não ter alcançado mais.

Dói o que doeu e não deixa de doer.

Dói o desalento em cada dia que passou.

Dói cada expectativa defraudada.

Dói tudo quanto vi que doía, veladamente, nos teus olhos.

Doem os silêncios gritantes de impotência.

Dói a carne por estender a mão e não te tocar.

Dói o cansaço a crescer a crescer.

Dói a desilusão a morrer a morrer.

Dói-me a alma.

Os olhos de não te verem.

Os ouvidos de não levarem uma palavra doce ao coração.

Dói o coração mal amado.

Dói a falta do teu abraço.

Dói tudo.

Novamente.

Todos os dias.

Dói tanto esta dor que não se vê.

Repetidamente.

Dói mais do que ontem.

Às vezes, visto o teu roupão e cheiro-te.

E guardo-o.

Ó céus, alguém imaginará mesmo quanto dói?

Vai doer e doer.

Acho que só mesmo tu me compreendeste bem, ainda antes de acontecer!

Que ia doer muito, David.

"Que pena eu tenho de ti, mamã!"


Nota: Passou mais um 11 de Setembro. É também o Dia da Nacional de Catalunha, em que nos mandaram embora do Hospital de Barcelona. Cada vez mais próximos do fim. Sempre e ainda uma luz no olhar e um sorriso meigo.

1 comentário:

Ana Cristina disse...

Todos os dias há recordações do David na nossa vida
Todos os dias têm memória e assim será sempre
É bom lembrar o David a sorrir.

Bjis.
Nini