Fala-se de dias e dias que escorrem ... sem um filho que partiu! Fala-se à toa ... e escreve-se, sempre, para silenciar a saudade ou as lágrimas. À toa ...
27 setembro 2010
Mais um brilho no olhar do David
Mais um acordar para hoje e para os ontens.
Todos os dias têm um significado diferente porque estão associados a uma data específica daqueles dezoito meses do passado.
Cada dia desse passado ficou marcado de uma forma especial - mais triste, mais esperançoso ...
E, ao acordar, a minha primeira ideia, ainda sonolenta, foca-se no dia e no mês.
Invarialvelmente.
Involuntariamente.
O ano não interessa.
O tempo cristalizou-se.
Estávamos de regresso de mais uma consulta, em Paris, no Hospital Paul Brousse.
Vínhamos "animados". Talvez não, talvez apenas convencidos de que poderíamos viver mais algum tempo de fingimento. E que essa autorização para fingir ... era a nossa realidade.
Sem tecto, sem chão, sem muros de amparo.
Uma realidade construída de tudo o que existe de irreal, transparente.
Éramos nós os nossos próprios alicerces ... com pés de barro tão fino.
Mas as cabeças; essas sempre nas estrelas ou cansadas, encostadas no ombro mais próximo.
Penso e aconselham-me a encerrar este blog.
Não venho regularmente. Eu sei!
Mas preciso dele. É para mim.
Verto lágrimas, saudades, angústias, pensamentos às vezes terríveis ... aqui.
São daquela que se perdeu e não consegue encontrar um caminho que não seja feito de dor.
Aqui esvazio o meu sofrimento imenso.
Para que a outra, quando se fecha a porta desta casa, consiga aguentar os dias, consiga deslumbrar-se com o sorriso, a alegria, as primeiras "conversas" do neto; procurar os sorrisos tímidos do filho, olhar para o Manel e não através dele e encarar os meus pais, a minha irmã com os olhos mais ou menos secos.
Será que alguém compreende estas duas que sou eu?
Desculpem-me.
Terei de ficar por mais um bocadinho; aqui perto do David.
SONS
22 setembro 2010
Utopias
Setembro é um mês bom para visitar a Grécia.
18 setembro 2010
O teu silêncio bastava
13 setembro 2010
12 setembro 2010
Silêncio, por favor!
Dói!
Dói a saudade.
Dói não ter alcançado mais.
Dói o que doeu e não deixa de doer.
Dói o desalento em cada dia que passou.
Dói cada expectativa defraudada.
Dói tudo quanto vi que doía, veladamente, nos teus olhos.
Doem os silêncios gritantes de impotência.
Dói a carne por estender a mão e não te tocar.
Dói o cansaço a crescer a crescer.
Dói a desilusão a morrer a morrer.
Dói-me a alma.
Os olhos de não te verem.
Os ouvidos de não levarem uma palavra doce ao coração.
Dói o coração mal amado.
Dói a falta do teu abraço.
Dói tudo.
Novamente.
Todos os dias.
Dói tanto esta dor que não se vê.
Repetidamente.
Dói mais do que ontem.
Às vezes, visto o teu roupão e cheiro-te.
E guardo-o.
Ó céus, alguém imaginará mesmo quanto dói?
Vai doer e doer.
Acho que só mesmo tu me compreendeste bem, ainda antes de acontecer!
Que ia doer muito, David.
"Que pena eu tenho de ti, mamã!"
Nota: Passou mais um 11 de Setembro. É também o Dia da Nacional de Catalunha, em que nos mandaram embora do Hospital de Barcelona. Cada vez mais próximos do fim. Sempre e ainda uma luz no olhar e um sorriso meigo.