Ah, se eu pudesse controlar o tempo.
E dormir, na hora de dormir.
Sobretudo, dormir.
Mas não, demasiadas coisas se enovelam, aqui dentro de mim.
O calar é excesso que não me permite, sequer, saber como começar.
Fui ver os "Três Cantos" com o Zé Mário Branco, o Sérgio Godinho e o Fausto.
Agora, só muito raramente, vou a espectáculos.
Emoção a mais, olhar o palco, olhar as luminusidades, ouvir os sons.
Sons, palco, luzes.
O David.
Não deixo de me emocionar. Sempre, ali no escuro.
As lágrimas vão caindo. Ninguém vê; não as seco.
Mas estes três cantautores, não podíamos deixar de os ir ver.
Era o David a empurrar-nos.
Dos três, qual o preferido do David? Não sei dizer...
Mas o Fausto, com aquela voz límpida e timbrada...
Mas o Sérgio, com aquelas difíceis ondulações de voz, paragens e avanços repentinos... inimitável
Mas o Zé Mário Branco e a poesia irreverente das suas canções e os arranjos musicais lindíssimos...
Não podíamos deixar de ir.
Talvez tenhamos sido primeiro nós, eu e o Manel, a encher a casa destas canções.
Foi, com certeza, o David a mostrar-nos, depois, uma outra forma diferente, talvez mais sensível de ouvir os mesmos sons.
E, no Coliseu, revivi os últimos tempos na companhia do meu filho. Ele estava lá, inteiro, ...
E chorei durante a maior parte do tempo, por não lhe ter sido permitido ver estes três cantores juntos. Ouvir muitas das canções, aqui, cantadas.
A multidão, que enchia o Coliseu, aplaudiu aplaudiu e aplaudiu em pé, como só o Porto sabe.
Eu fiquei sentada.
No meio da multidão.. ao meu lado, havia um lugar vago.
Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
P'ra chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
P´ra levar de vencida
Uma razão de viver
A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho
Vejo a gente cuja a vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer
Vão poluindo o percurso
Co'as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
P´ra consumir sozinho
Com políticas concretas
Ímpões essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Co'a treta liberal
E as virtudes do centro
No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo p´lo caminho
P´ra castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho
Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
P´ra subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos
Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quanda a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-a sozinho
Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
P´ra quem é indiferente
Passar a vida a morrer
Há principios e valores
Há sonhos e há amores
Que sempre irão abrir caminho
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho
E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho
José Mário Branco - Resistir é Vencer
As coisas que ele faz
P'ra chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
P´ra levar de vencida
Uma razão de viver
A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho
Vejo a gente cuja a vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer
Vão poluindo o percurso
Co'as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
P´ra consumir sozinho
Com políticas concretas
Ímpões essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Co'a treta liberal
E as virtudes do centro
No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo p´lo caminho
P´ra castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho
Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
P´ra subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos
Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quanda a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-a sozinho
Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
P´ra quem é indiferente
Passar a vida a morrer
Há principios e valores
Há sonhos e há amores
Que sempre irão abrir caminho
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho
E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho
José Mário Branco - Resistir é Vencer
5 comentários:
Como eu queria ir ver esse concerto... Olhei vezes sem conta para o cartaz. Mas não deu, porque alguém prefere perder tempo de vida com devaneios e pensamentos sem lógica. :(
Um beijinho
Olga
SE
Se morrer abraçado
à vida que está ao lado
ao lado o não apago
tenho a vida por afago
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Novembro de 2009
Não há, a meu ver,"lugar vago", mas sinaléctica com pleno sentido...
Dizendo Quase Nada
um lugar vago
é um lugar indefinido
em devaneio
como uma lua vaga
ou que não tem limites
infinito
eu também tenho um lugar vago
dentro de mim
Um abraço
Manuela Baptista
...E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho"
lembrar o teu filho através de 3 grandes cantautores, como os citados, recriando o poema de JMB "do que o homem é capaz" é uma forma elevada de sentir, de
...não ir viver sozinho...certamente!
Que as saudades e lembranças te façam viver, continuadamente!
Zé
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