24 outubro 2011

Talvez...

Talvez devesse ir-me habituando a este calendário virtual, existente apenas dentro dos meus olhos, do meu sentir os dias, da mais ou menos violenta intensidade da saudade.
Ou ...
Talvez não devesse abrir o peito de espanto pela ansiedade com que vejo Outubro ir-se ... para dar lugar à contagem em crescendo de emoção e sensação de perda até Dezembro.
Ou ...
Talvez devesse acertar as minhas horas pelas horas lunares ou pelas constelações que vão girando no céu, em função, também elas, do giro da terra em torno do sol.
Assim o disse Galileu!
Ai Galileu, Galileu!
As folhas caem, as plantas crescem, a lua atrai as marés, o rebanho das ovelhas persegue a inclinação do sol ...
E esta bola girando, girando.
Mas inerte de emoção.
Sempre certinha, no lugar exacto quando chega a primavera; ...  conforme a cruz no calendário.
Tinhas razão, Galileu!
...
Se a dor não alongasse as horas; se o medo não escurecesse o sol; se a saudade não cobrisse de tule a lonjura do passado; se a tristeza não tivesse esse poder imenso de me fazer recuar, recuar sempre ... em busca daquela nesga de tempo ... em que o verde ainda era esperança.
Em que havia luz, sol, nós em volta do sol, a lua à nossa volta, tudo em invisível e plácido movimento.
Em que havias tu.

Agora ... que sei eu do tempo?
Nada sei.
Sinto-o como um casulo em que me embrulho  ...
E que espero ... me proteja.







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