Ouço tantos falarem da obrigação de se ser feliz.
Apesar de tudo.
Apesar da morte de um filho ...
Outros tantos dizerem que ser feliz é um imperativo.
Porque sim! Vida há só uma ...
Doa a quem doer.
O que passou, passou!! Agora, é olhar em frente. Mesmo não vislumbrando o percurso ...
Existem sempre vozes seguras que se impõem, catárticas.
Sábias, inquestionáveis nas suas certezas absolutas.
Egoístas. Absurdas. Maniqueístas.
No deserto entre o ser e o não ser.
Prepotentes, neste lodo difuso, em que só somos ... se todos formos.
Enquadrados! Iguais.
Que é o mesmo que dizer.
Iguais a nada. Cinzentos.
Submissos às maiorias que vingam; armadilhados entre crenças ancestrais; servos de um hedonismo balofo.
Eu reivindico o meu direito à tristeza da saudade, à melancolia, por contraposição à imposição de ser feliz.
É que, à minha maneira, sou muitas vezes feliz (apesar da dor aguda cravada no bocadinho de carne onde dizem estar o sentir).
Antecipo os meus momentos de felicidade.
(Sei quando o sorriso dos meus netos vai bater à minha porta!)
E nunca fujo!
Mas não me imponham a busca da ventura como preceito!
Como lema de vida, tenho um, apenas - actuar sempre de forma que a minha mãe Alice e tu, querido, muito querido David se sentissem orgulhosos de mim!!
É uma forma simples de buscar a paz.