E resta-me viver
não antevendo com que alfabeto
traduzir-me
escurecendo a um canto de mim
mil vezes ao dia
nas entranhas aduridas de
saudade antiga
resistindo à voragem do medo
que atordoa
no cárcere de um tempo cego,
inverosímil, sem ti
sorvendo silêncio e solidão
onde me abrigue.
ou, então, fixando-te, menino,
por detrás das pálpebras
e
desistir de todos os desígnios
ensaiar na pele a água fria do
mar
como quem navega
(tu, sereno, mesmo ao lado)
desertar de quem me habita
eu e a outra.
Ficar estranha de mim
Aconchegada
Numa névoa branca da memória.