13 junho 2013

Sem título.

David, deixa-me chamar-te, assim, baixinho.
Só eu ouço ... mas que importa?

Por dentro de mim, vivo num castelo de luz que ergui para ti.
A chave? Guardo-a por detrás dos meus olhos; basta-me fechá-los.


Não faltam ameias para espreitar o sol deitar-se no mar, nem salas forradas de veludo para a tua guitarra, nem aquela cadeira verde, debaixo dos pinheiros, em que repousavas de dias cansados, nem o banquinho em que eu me sentava para te massajar os pés tão doloridos, nem o som do teu sorriso, nem a esperança de chegar a porto seguro, nem a força de lutar ... nem a cor da areia das ilhas de Creta-onde-havias-de-voltar-outra-e-outra-vez ... nem os teus filtros de luzes ... nem a música, a tua força dia a dia ...
"Hei-de fazer luzes tão bonitas, mamã!"

Só ali posso esperar o teu abraço terno da noite!
"Agora, vai descansar, mamã!"
Agora ... o vazio da ternura ...

Tenho saudades deste meu nome mamã, do som, do tom e do significado da palavra. Dito por ti, em forma de protesto ou ironia ou ternura ou impaciência ou simplesmente mamã ...

Deixa-me desabafar contigo, David,  só aqui, e confessar que me sinto só.
Um forma muito solitária e única de solidão!