Abril, mil águas nos meus olhos!
Abril da mãe Arminda e um discurso comovido, só permitido a quem fez a idade que fez.
Com a lembrança do David como mote.
Com o sorriso do Miguel que tem o dom de nos afagar o coração.
Ainda bem que ninguém ligou às minhas lágrimas ...
Abril do Manel.
Que segura a casa.
E não se atrapalha com as minhas lágrimas.
As dele ... sei que correm para dentro.
Abril do 25 de Abril!
Dos cravos.
Da minha juventude.
Das canções e poemas de liberdade, da paz e da solidariedade.
Há 3 anos, estreou-se o concerto de homenagem ao Zeca, pelo Drumming.
Uma ideia original do David.
No 25 de Abril.
Na Casa da Música.
Terá sido sonho?
Neste palco vazio ...
os cravos brancos ao longo das cortinas ...
as cadeiras vazias ...
as pautas aguardam que as toquem ...
Começava com a "Grândola" ... a ouvir-se em fundo!
E a luz iluminava os cravos que ficavam, lentamente, vermelhos!
Terei sonhado?
Abril do David, a 27!
Foi com 27 anos que adoeceu ...
E, agora, David?
Novo ciclo de vazio entre Abril e outro Abril?
E, ali, ao lado, na RTP, a festa de Abril.
E a Maria João ... inesperadamente, canta o Redondo Vocábulo.
Tão bonito, tão doce, tão dolorosamente amargo!
Tu sabias que seria um momento de subtil leveza!!
Um desejo ... não realizado, David!
Que a Maria João participasse no CD, com o Redondo Vocábulo, musicado para o Drumming pelo Mário Laginha.
Talvez ...
E então, David ... em Abril, mesmo agora quando pensava em ti, ... a voz da tua amiga, a letra e a música lindíssima do Redondo Vocábulo.
E ouvi a tua amiga Maria Viana e o teu amigo Bernardo Sassetti a acompanhar um fado de que gostavas muito, cantado pelo Carlos do Carmo.
Podia ter desligado a televisão! Pois podia!
Mas porquê? Para evitar mais lágrimas??
Por tão pouco? Não!
Deixa-me aproveitar algo do que me deixaste - a música, o jazz, as canções!
Que importa que chore?
Em Abril, meu filho!
Percebes como Abril se desfez em lágrimas?
E, agora, Isabel?