27 abril 2010

27Abril10




Chamava-se David.
A avó fez 82 anos!
Ele faria 32, hoje, quase agora ...
Eu era uma jovem mãe feliz, por mais um rapazinho!



P.S. David, se espreitares, verás flores na praia de Moledo.
São para ti!
Os "mensageiros" chamam-se Xico, Arminda e Olga!

25 abril 2010

E, agora, David?



Abril, mil águas nos meus olhos!

Abril da mãe Arminda e um discurso comovido, só permitido a quem fez a idade que fez.
Com a lembrança do David como mote.
Com o sorriso do Miguel que tem o dom de nos afagar o coração.
Ainda bem que ninguém ligou às minhas lágrimas ...

Abril do Manel.
Que segura a casa.
E não se atrapalha com as minhas lágrimas.
As dele ... sei que correm para dentro.

Abril do 25 de Abril!
Dos cravos.
Da minha juventude.
Das canções e poemas de liberdade, da paz e da solidariedade.


Há 3 anos, estreou-se o concerto de homenagem ao Zeca, pelo Drumming.
Uma ideia original do David.
No 25 de Abril.
Na Casa da Música.
Terá sido sonho?
Neste palco vazio ...
os cravos brancos ao longo das cortinas ...
as cadeiras vazias ...
as pautas aguardam que as toquem ...
Começava com a "Grândola" ... a ouvir-se em fundo!
E a luz iluminava os cravos que ficavam, lentamente, vermelhos!
Terei sonhado?




Abril do David, a 27!
Foi com 27 anos que adoeceu ...

E, agora, David?
Novo ciclo de vazio entre Abril e outro Abril?
E, ali, ao lado, na RTP, a festa de Abril.
E a Maria João ... inesperadamente, canta o Redondo Vocábulo.
Tão bonito, tão doce, tão dolorosamente amargo!
Tu sabias que seria um momento de subtil leveza!!

Um desejo ... não realizado, David!
Que a Maria João participasse no CD, com o Redondo Vocábulo, musicado para o Drumming pelo Mário Laginha.
Talvez ...

E então, David ... em Abril, mesmo agora quando pensava em ti, ... a voz da tua amiga, a letra e a música lindíssima do Redondo Vocábulo.
E ouvi a tua amiga Maria Viana e o teu amigo Bernardo Sassetti a acompanhar um fado de que gostavas muito, cantado pelo Carlos do Carmo.
Podia ter desligado a televisão! Pois podia!
Mas porquê? Para evitar mais lágrimas??
Por tão pouco? Não!
Deixa-me aproveitar algo do que me deixaste - a música, o jazz, as canções!
Que importa que chore?
Em Abril, meu filho!
Percebes como Abril se desfez em lágrimas?

E, agora, Isabel?

18 abril 2010

30 meses ... e depois?




Olha, David

Ultimamente, venho aqui e não tenho palavras para descrever o que sinto, a falta que me fazes, ... e saio. Talvez me digam que começo a interiorizar a dor.

Talvez …
Talvez esteja somente mais funda com o peso da saudade que me vai inundando os olhos com as mesmas lágrimas de espanto.
Assalta-me, mesmo hoje, agora, (passaram 30 meses) a incredulidade ... por não estares aqui, junto de mim!

Como foi que aconteceu?
E se tivéssemos feito de forma diferente?
E se o teu trabalho fosse outro?
E se um médico tivesse ouvido o que dizias?
E se ...?
Vivo dentro de um círculo ... entre o princípio da tua doença e o teu fim ...
E não me canso; dói, ... mas não sei fazer de outra maneira!!

Talvez as angústias estejam mais escondidas ou eu me tenha habituado a não falar tão teimosamente da minha saudade ...
Bem vejo como me empurram para outro assunto, quando o teu nome surge ... a propósito de tudo.
Porque tudo em mim está inevitavelmente ligado a ti!

A dor talvez esteja mais calada, mais discreta ...
Mas não é menor!!
Sei bem o que sinto e como o cansaço me lança para um canto de silêncio e imobilismo.
A dor da saudade que sinto de ti, David, é cada dia mais e mais obscura; menos traduzível em palavras.
O apagar da luz para adormecer é o acender de um clarão sobre o palco do nosso passado ... que se derrama, sob os meus olhos fechados, ... inalterável, inteiro, constante.

Vagabundeio pelas imagens que se vão sucedendo!
Persistem iguais; inconfundíveis, apesar do tempo.
Nessas imagens me instalo!
E afogo-me na dor desse lugar nenhum ... até que o sono ...

Passaram 30 meses ... sobre ti!
A água das lágrimas tomou o lugar de tudo.
A minha vida sabe a sal!