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Tenho tantas saudades do meu filho!!!
Sinto-as ao acordar e, por sobre o ombro, me acompanham até a lua desaparecer para que o sol regresse.
Já não penso.
Porque sinto cada momento como mais um momento em que me sinto só.
Este sentir apoderou-se do pensar.
Vive comigo; sou eu... lá dentro.
Não se vê de fora.
Não se vê no reflexo que vejo de mim, no espelho.
A cada passo, recordo Barcelona.
Persegue-me aquele inferno que lá passámos, em Agosto, há 2 anos.
Despedimo-nos, então, de Moledo, na esperança de voltarmos.
Todos!
Nunca regressámos.
O David não regressou.
Eu não regressei.
Não se regressa quando se leva um filho pela mão até ao fim do mundo.
Porque a morte é, de facto, o fim do mundo!
E, hoje, morreu a Isabel Alves Costa.
Foi professora e amiga do David, que tinha grande consideração por ela.
Foi ao funeral do David; deu-me um abraço e falou-me dos muitos sonhos do meu filho e do desejo de, um dia, concretizar alguns.
O Porto deve-lhe todo o amor que tinha à Cultura.
A notícia da morte dela ensombrou-me o coração.
A Olga sentiu a morte dela; era amiga do David.
O David ficaria imensamente triste.
Eu fiquei triste.
Eu e a Olga temos saudades do David.
Da tristeza que o David sentiria com a perda desta amiga que ficou e, agora, o acompanhou.
Talvez exista um lugar em forma de palco e luzes, onde se encontrem, e daí nos vejam, protegidos por fios de sorrisos e dores que se entrelacem; vindos do passado e feitos de lágrimas.
Adeus, Isabel (amiga do David)